tenho tido ideias mesmo antes de você aparecer por aqui. Tenho lido poemas que falavam de sensações que há um tempo eu esquecera, em outras casas e caras. Vinhos que não são doces e pessoas que sabem usar o plural. Até que vem um dia assim, sem esperar, e põe tudo de pernas pro ar de novo - logo agora, que eu comecei a fazer análise e a verbalizar umas dores quietas e inquietas. Mas parece um sonho ainda, qualquer coisa meio surreal; melhor seria ter deixado você esquecer sua blusa aqui, para que agora, sem qualquer sinal seu, eu ao menos pudesse ter certeza do que aconteceu.
domingo, agosto 28, 2011
domingo, agosto 21, 2011
segunda-feira, agosto 15, 2011
Aqueles dias em que,
ouvindo Futuros Amantes, a gente descobre o sentido exato disto:
"Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar"
sexta-feira, agosto 12, 2011
quinta-feira, agosto 04, 2011
A man in the box.
No momento em que pensamentos poluem a pura reflexão - grana e outras coisas sós. Sem sóis nesses dias frios; esfria sempre, por dentro e por fora. Como codificar saudade sem modificar o sentimento mesmo? A saudade se dirige a vários objetos. Difícil escrever, vou ouvir e ver.
segunda-feira, agosto 01, 2011
Intermediários, e uns dias.
Porque eu guardo aquele email que te escrevi, e algumas músicas que me recomendaram, e à época achei que quisessem dizer algo. Dizer algo: as pessoas que as recomendavam, e as músicas. Mas não, elas são o que são, as pessoas e as músicas. Quiseram dizer nada não.
Mesmo assim, mesmo dado o fim, algo sempre fica, porque é impossível desfazer o feito, já feito, mal ou bem feito. Jokerman.
"He knows so much about these things".
Por outro lado, sua toalha é clara, sinto saudades leve do seu olho e seu jeito leve de cozinhar abóbora japonesa picada com carne numa panela de pressão. E toma cachaça e revira a cabeça, e olha pela janela - em busca de quê? Tem jeito de raposa, meio arisco, fugidio, mas de repente dou de cara com sua cara me olhando te olhar a comida no fogo, no forno, e você me surpreende no meu gesto meio escondido. E faz parecer bobagem todos esses carinhas bobos, que entendem nada de matemática nem querem saber de conhecer, que não sabem quem é Bob Dylan nem Smiths nem Jim Morrison, o cantor, menos ainda Morrison, o poeta, com sua veia poética desperta após ver o índio queimando no deserto, você disse, enquanto eu olhava seu queixo meio fino, o cabelo liso e escuro escorrido e os dentes não tão brancos, mas com um jeito tao bonito de sorrir e olhar com olhar forte. E quando você falou sobre as poesias do Rei Lagarto, ora, ainda que fosse o textinho-wikipédia, eu confessei que não sabia essa história porque não conhecia mesmo, e me senti perto de alguém que tem algo pra ensinar. Não esses caras que toda sexta-feira põem a perder todo carinho que a gente é capaz de nutrir, toda coisa boa em que a gente ainda é capaz de acreditar entre duas pessoas (ou talvez só seja recalque meu, ao ver alguém que - tão pouco, tampouco sabe as coisas que eu sei, e sei que sei - obter mais êxito em ações das quais, devo confessar, eu jamais me orgulharia se estivesse nesse lugar nada favorecido aos meus olhos. É só que sou carente. Ponto), esses caras tão bobos com suas caras bobas entre peitos e bundas com as quais nem sabem o que farão, desperdiçando ao bel-prazer sem prazer algum. Enfim, você com suas sextas-feiras ainda desconhecidas, seus sábados à noite tranquilos, seus domingos à tarde tão claros, o peito reto e sem barriga, ereto, postura bonita. Você é grande, enquanto eles são pequenos, e se tornam cada vez mais, porque falam ao mundo coisas que você nem deve desprezar, mas desconhecer, ignorar, um mundo ao qual não pertence. Tem um violão e quem sabe uma barra de exercícios na porta de seu quarto, onde pendura luvas sem dedinhos; lê filosofia, Deleuze, e ouve músicas boas. Gosta de crianças, não que eu goste, mas tem jeito, tato, cativa. E sabe escolher os melhores e mais geniais amigos, cercando-se de boas pessoas e de uns amigos meus tão queridos. Fala espanhol e seu quarto não tem cama, só colchão, além de uns dicionários pela escrivaninha. E duvido que goste de sertanejo, de duplas e músicas que falam de uma cultura de massa com suas vidas engessadas. Se um dia você me disser que também curte Caio Fernando Abreu e tem tesão no blues de Robert Johnson, aí eu terei certeza: você é o cara que eu tava esperando esse tempo todo, me preparando com esses intermediários.
Tá, de repente é nada disso, e você curte nada disso, disso, sabe? Ao menos, existe.
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