quarta-feira, outubro 31, 2012

Saudades

saudades das tuas ruas frias, dos prédios que me tiravam o fôlego, arquitetura imponente. Saudades do cheiro da casa onde morei - o cheiro do chá da amiga. Vivíamos num prédio um pouco velho, o elevador era quase homicida. Saudades da currywurst na Alexanderplatz, da Starbucks bonitinha do Hackescher Markt, do brechó na Frankfurter Alle, saudades do sentimento que tive enquanto comia minhas bolachas no trem na chegada, sem conseguir dormir de ansiedade. Daquele barzinho que dancei com uma amiga numa madrugada que nevava muito, do parque cheio de prédios abandonados, que jamais saberia encontrar de novo. Do karaokê, da biblioteca onde perdi umas poucas tardes usando a internet. Do cemitério onde encontrei o Hegel.
Meu coração se consome todo de saudade de uma cidade, de uma época. E percebo - não vejo a hora de voltar. Voltar a viajar.

segunda-feira, outubro 29, 2012

Tudo o que eu sinto

Eu me descobri tão sensível. Meu corpo responde a cada ato, planejado ou não; responde com violência, com cheiros, com dor, com vontade. Mas está vivo. I'm alive, é o que ele quer dizer; preste atenção, cuide de mim. Eu demoro a entender o recado, mas não ignoro - hora de tomar conta de mim.

sexta-feira, outubro 26, 2012

Wild horses e um pudim

Não sei se é desesperança, desânimo, ou só paz - é alguma coisa que não me deixa perder tempo, vendo seu olhar parvo e a conversa mole. Sua beleza não me move mais, depois que eu tive uma iluminação tão grande de que, se é pra ser nada, que seja com alguém mais legal. Você é como um pudim de chocolate com o qual me empanturrei semana passada e agora quero provar outro sabor. Nada contra, você vai ficar na minha memória pra sempre como o pudim mais bonito e delicioso que já provei e nada vai se igualar, eu vou contar sempre pros meus amigos sobre minha sorte de ter provado - enquanto era tempo e eu tinha muita vontade - um pudim tão bom, mas sabe, eu nunca fui tão gamada em pudim. Eu gosto de bolo, eu gosto de torta, eu gosto da barra de chocolate mesmo. Nada pessoal. E, sobretudo, eu gosto de nada particular, e sim da minha liberdade de escolha.

terça-feira, outubro 16, 2012

Pra quem eu ofereceria um café

O dia de ontem foi meio merda; tentei escrever pra aliviar, mas a internet não cooperou. Talvez foi um modo de dizer para esperar o que o próximo dia teria a oferecer, e o próximo, e o próximo. O café aqui de casa acabou e eu tento curar a dor de cabeça e o mau humor com yoga e alongamento, até que surge alguém que me faz repensar a utilidade de ter um café em casa pra oferecer nessa hora meio constrangedora de ficar cara a cara, do jeito que se quis. Quer dizer, do jeito que eu quis.
Então eu me enrolo toda pra fazer as frases e você deixa seu email pra eu te ajudar com as coisas da mudança. Nada mais óbvio, você trilha o mesmo caminho que eu fiz um ano atrás. Mas sem óculos seus olhos me confundem mais. Eu reli e refleti sobre o que queria escrever ontem, e é absurdo ver a concretização daquela vontade que eu projetava sobre outra pessoa: "eu espero o telefone tocar, eu espero você mudar o curso e em vez de ir comprar aquelas porcarias vir me visitar. Porque tenho pra mim que, se você não vem, eu não vou chamar de novo. Já não sei se é orgulho ou bom-senso, mas ainda dói essa falta de reconhecimento". 
Mudam-se os personagens, continua a indeterminação. Mas, por enquanto, sem sofrimento. 

sábado, outubro 06, 2012

Contradições internas:

um milhão de motivos pra comemorar, um orgulho enorme de si mesmo convivendo com uma tristeza chata que vem do contato mal-sucedido. Me questiono sobre o que fiz de errado, mas a pergunta certa é se fiz algo de errado: não, me respondo. E vou aos poucos rememorando os detalhes aos quais me apego pra tentar superar isto: as opiniões reacionárias e um pouco moralistas (vindas logo de quem!...), suas escolhas que, sim, colocaram em questão minha empreitada de ser alguém melhor, mas que tão logo eu aceitei, ou pensei aceitar, foram além do breve espaço estabelecido implicitamente entre nós. Você sequer me deu um abraço por uma coisa tão importante; ao contrário, falamos amenidades e assuntos de trabalho e nos despedimos com um contato falso. Eu não quero isso pra minha vida; eu não quero esperar reações que mais me colocam pra baixo em vez de reconhecer minhas alegrias. Não quero sua intolerância. Não quero esses traços de egoísmo que você já demonstra. 
Antes tarde que mais tarde...
Meu caminho e minhas conquistas me levam mais longe que esses erros, que insistem em me deixar em suspenso, em stand by, cozinhando em fogo brando. I'm alive. 

terça-feira, outubro 02, 2012

Liberdade

Vento onde tudo cabe.

Hora de aprender e aplicar de fato o sentido disto.