Hoje estou repetindo várias coisas, palavras, em silêncio mesmo. Um dia quase que perdido, planejei algumas coisas, mas não sei porque não as fiz. Acho que ainda estou sob o signo do vazio pós-trabalho-intelectual que quase me arrancou os neurônios, sugou o sono e as secreções dos olhos, que tão secos ardiam, e me jogou em horas que corriam sem ver, até que eu fui parar naquele banco e mal conseguia falar. Tinha um receio ali, pensando que era um fim que poderia ser bom, mas era um fim. Fechar ciclos às vezes me apavora, porque perco a estabilidade, que também me apavora. Acho que tudo me apavora - as pessoas no mercado me olham, penso se meu rosto estaria sujo, o zíper aberto, se haveria merda de passarinho no meu cabelo ou se o cabelo estaria mais desarrumado que o possível e normal, ou então se simplesmente haveria algo de errado que não sei, ou que não se sabe, explicar. Os sintomas, as confusões são sintomas, no plural; a gente consegue mesmo sentir quando estampa na cara os deslizes e preferências, ou o prazer de certas companhias? E se sim, será que é por isso que às vezes vamos embora sem precisar ir, apenas para fugirmos de nós mesmos?
Não consigo decidir entre escrever em primeira ou terceira pessoa. E se fosse só essa a dúvida, seria o de menos.