domingo, maio 30, 2010

se é verdade que

a vida dá umas voltas e acaba refazendo um ciclo, o bom de tudo isso é que de certa forma a gente já viu esse filme, e pode tentar atuar de um modo melhor, ou ao menos mais coerente. Lembrando um tempo atrás, dá pra perceber umas mudanças internas que se manifestam face à repetição do ambiente externo. E, desta vez, ao menos os mesmos deslizes dá pra evitar um pouco.
Se é verdade que a gente sempre preza pelo bem-estar, porque é que tantas vezes deixa de reparar na calmaria do domingo de manhã? Sabe que hoje, caminhando pela praça aberta e vendo as pessoas - a criança brincando, bicicleta, uns atores a declamar sem muito talento, diga-se...hoje, caminhando, pus na balança essas pequenas belezas. Caramba, pensei, se é verdade que o que a gente quer é só ser feliz, estamos nos perdendo no meio do caminho, sem coerência: um pouco da felicidade não está fora, mas dentro, imanentemente dentro de nós. E se o resto estára fora, não sei: pra começar, estaria o fora tão fora mesmo?

terça-feira, maio 25, 2010

quero nada,

nada mais que a vida não possa me dar. O cansaço é daqueles de quem anda o dia todo no sol, com moleza e dificuldade de raciocínio. No fundo pode haver, sim, outras razões ao fundo, mas como saber quais?

segunda-feira, maio 17, 2010

c'est fini,

mas nada que uma espera não determine o fim. O fim, o fim. De vez em quando parece que as coisas estão todas erradas, que as ações foram todas erradas e vãs, que o mundo torto é resultado dum erro interno nosso. Sabe, isso não é vida, mas por dois minutos a gente sempre pensa como resolver, e porquê, o que se fez de errado, coisas assim: uma merda. O mundo é bom, as relações é que se deterioram; fato é que nem sempre estão elas em relação comigo, mas até saber se assim é o não, a dúvida perdura, permanece, nessas injustiças pequenas, nessas dores poucas, nessa potencialidade de ser feito de palhaço. Onde reside o problema, é a questão; se é possível fugir, se esquivar, é a dúvida-esperança, como se em algumas horas fosse melhor ficar de fora, sem se manifestar. Mas daí vem: quanta coisa errada, fruto de não saber falar o que se quer ou não quer. O que fazer então?

domingo, maio 16, 2010

maio.

ainda não está no final, mas trouxe aquela musiquinha de fundo. É bonitinha, singelinha, tudo no diminutivo, emoções tranquilas. Faz um pouco de sentido até, mas só um pouco, e de fato não haveria de ser de outro jeito, pois que toda coerência é suspeita: quem não muda de ideia, uma vez que se está no mundo para entrar em contato com o outro, que sendo outro, também é algo diferente, elemento surpresa; quem não mudaria de ideia então?
Eu sei, bem sei que há coisas com prazo de validade, mas se o prazo estourou é o que eu não sei. Mas não dá pra correr contra o tempo, dessa vez é melhor deixar que ele venha e leve (ou traga) o que tiver de ser, sem fatalismos, mas apenas com a vontade de ficar bem, comigo e com tudo, numas sensações que façam meus dias cooperarem com a ânsia de fazer tudo ao mesmo tempo; viver tudo, dormir e ler e estar desperto e mesmo desperto sonhar. E sonhar sem fechar os olhos, isto é, sem se desprender tanto da realidade: ela é tão bonita.
"despreocupa-se, pensa no essencial; dorme e acorda".

quarta-feira, maio 12, 2010

terça-feira, maio 04, 2010

"ela que descobriu o mundo e sabe vê-lo do ângulo mais bonito"

eu gosto do violão, do cappuccino, da luz clara, lembrança em branco e preto do que não aconteceu e nem é meu. De foto amarelada, cama perto da janela, pro sol bater de manhã ou no fim da tarde. Quase tarde, quase cedo, um pouco cansado, mas sem medo. Não gosto da demora, porque o silêncio é só meu, a procrastinação é só minha, e não para mim, comigo. Me sinto um pouco a garota do gerânio, palavra diferente, os dedos titubeiam para escrevê-la; as frases seguem na mesma cadência, pois que não consigo falar muito, menos ainda de uma vez só.
Essa calma é tão boa. Pensei por um momento em falar sobre uns tempos atrás, que refletem essa mesma época quanto à configuração - de fato, este primeiro dia trouxe até umas lembranças. E questionando-me sobre a validade - o dito "será que vale a pena?" - era nítido que nada vai voltar, de modo que o barco segue em frente; quem chega primeiro dá bandeira qualquer. E também porque busco uma beleza que não é essa beleza imóvel do passado, não adianta teorizar sobre aqueles caminhos escuros...importa mais a beleza que posso construir.

domingo, maio 02, 2010

oldsongs, no place,

algum lugar no mundo? Quanta beleza, pequena, e basta abrir a janela. Já é tarde ou então é cedo, mas sempre há algo a se descobrir, desapego do lugar-comum, da vida sempre vivida, daquilo que parece que tem que ser assim mesmo. Escolhas e caminhos, e aquele cheiro vai perdendo vida, perdendo o lugar cativo, como se não bastasse apenas cativar, mas fosse preciso cultivar. Pensei em escrever sobre outras coisas - brevemente - mas a formulação de meras hipóteses não conduz a lugar nenhum; falar sobre o que está além do campo sensível neste momento é dar-se à imaginação que, embora fecunda, não planta nada além de dúvidas e umas certas preocupações. Prefiro, então, aquilo que me faz melhor.