sexta-feira, novembro 30, 2012

Metrópole


"É sangue mesmo, não é mertiolate, e todos querem ver e comentar a novidade".
A banalização da vida no chão; misturando imagens narradas do acidente com aquilo tudo que o corpo pôs pra fora última noite. Sangue e vômito e fluidos, tudo isso nos pertence. O garoto pulou do quarto andar.
E a vida? Essa não se controla. Nós ficamos embasbacados sem saber explicar escolhas; nós, que não percebemos o outro e seu sofrimento.  
Tomar um café pra esquecer...

quarta-feira, novembro 21, 2012

Além de dois existem mais

Hoje amanheci - poeticamente falando - pensando "e-se-você-nunca-voltar", isto é, se nunca vier visitar como disse que faria, afinal, era logo ali; e se você nunca cumprir essas mentiras tolas que a gente diz quando não tem mais o que dizer e quer negar o próprio silêncio. Amanheci pensando nisso depois de ler que o desejo é sempre a essência do homem e de pensar o desejo nos seus mecanismos, na sua dissociação do prazer; depois de pensar, ao longo de alguns dias, o desejo nos limites da liberdade e da servidão, Masoch, essas coisas, reunindo material pra escrever, coisa que gosto, mas que me consome. 
Em outro ponto da vida, pode ser que esteja começando a acertar, a interpretar sinais e compreender falhas no campo do imediato, do que vai dar em nada, mas já é alguma coisa em relação às minhas próprias falhas. Vou naturalizando os contatos, as iniciativas; isto faz parte do projeto de esperar menos dos outros e envolve também dizer o que magoa - para quem magoa - e deixar ir, marcar outros almoços.

Mas pra falar sério, me convenço: a única grande coisa que eu queria agora era um talento, uma coisa assim bem Paulo Leminski, pra fazer poesia do que não desse certo.

terça-feira, novembro 13, 2012

Quase vinte e três

Abro uma escura e ouço uma música. Repenso. Estou feliz. 
Sim, estou. Para meu plano de ser feliz prosseguir, devo desligar o computador antes da meia-noite, ler algum livro bom, sonhar com gatinhos correndo felizes, acordar amanhã cedo para falar com a pessoa de quem mais sinto saudade no mundo, e depois...talvez ir ao cinema, talvez receber abraços e alguns desejos de felicidade. Relembrar o quanto tive sorte nos últimos tempos, quantas coisas bacanas aconteceram, quanta coisa impensável pude realizar, quantas pessoas legais conheci, se aproximaram, algumas não estão mais perto, outras entraram na vida irremediavelmente. Vou lembrar da primeira imagem que tive da Alemanha, num aeroporto gelado onde minha irmã me esperava com chocolate e carinho; ou da primeira e inesquecível imagem de Berlin, saltando num subsolo que escondia a maravilha de cidade. Ou a primeira imagem de Tübingen e o sentimento de que, no fim das contas, tinha vindo para o melhor lugar que poderia. Ou a primeira imagem de São Paulo, depois de 8 meses, olhando embasbacada pela janelinha do avião. Rever família, gato e cachorro; rever lugares, reaprender a ouvir o idioma.


domingo, novembro 04, 2012

Em paz

Enfim, paz. O barulho das ondas, a imensidão, a brisa, o cheiro de mar fica no corpo alguns dias ainda; enquanto durmo, sinto as ondas batendo nas pernas. Paradise. 
Consegui me concentrar para ler, depois de algum tempo tão distraída. Consegui separar a confusão da última festa com a necessidade de estar em silêncio para estudar. Lá ficaram as cenas: a conversa ao pé da árvore, seu jeito de mexer no cabelo, todo encurvado pra falar com a menina mais baixa. Logo ela...não entendo. Mas desisto. 
Está tudo bem, porém. Enquanto eu tomava meu café com uns amigos via outro me olhando, nada disfarçadamente, curioso com as novas companhias; eu me surpreendo com as coincidências. Na mesma cena um outro pára e me abraça; esbarro um terceiro retornando à aula. e, com um pouco de esforço, me aproximo no fim da festa - fazer bobagem é comigo mesmo. Mas eu me sinto bem quando ouço Warning Sign e vejo que muito do significado triste desta música foi superado. 
Da mesma forma, há muita coisa por aí que não entendo, mas ignoro, como aqueles que não te tratam bem mas se incomodam quando outro o faz. Pior que o incômodo, é a necessidade de tornar público. O silêncio deveria ser ensinado...

Mas logo chega o ventilador e a autobiografia do Neil Young. Logo acaba o semestre; logo viajo de novo. Logo cultivo mais saudade - e felicidade.