sábado, fevereiro 14, 2015

Sentidos

"Estou neste momento abraçando interna e intelectualmente esta obra de Jürgen Habermas chamada O Discurso Filosófico da Modernidade
A obra faz sentido. 
Há tempos não lia algo que me fizesse tanto sentido".  

Os sentidos voltaram a despertar ontem, de outras formas. Experiência válida e importante para contextualizar certas lembranças: aquelas foram boas, mas não necessariamente as melhores, nem as únicas, menos ainda as últimas. Existe um mundo mais simples e nele é possível tomar um café da manhã sem formalidades, conversando sem hierarquias intelectuais, sentindo-se verdadeiramente à vontade. 

domingo, fevereiro 08, 2015

Pergunte ao pó

I. Tirando a poeira da casa, refletia sobre a escrita. Mas eis que, do alto dos meus 25 anos, percebi que todas as vezes que se quiser enunciar O Mal, dever-se-ia simplesmente chamá-lo:
RINITE.
É um absurdo que seja possível desenvolver essas doenças tardiamente. Rinite sempre fora, para mim, uma alergia de crianças frágeis e tristonhas sem seus bichinhos de pelúcia para brincar. Ainda não aceito perder o sono por causa de uma crise de 20 espirros que mais parecem vir do útero.

II. Como seria possível fundar, engendrar um pensamento autônomo, uma espécie de ponto de partida da página 64? E todo o resto? Deveria ler primeiro para depois escrever, mesmo sob risco de formar um pensamento enviesado? 

III. Segundo pesquisas do Instituto Li Por Aí, alguns de meus personagens favoritos da literatura estão dentre os mais mal-humorados. Não sei se isso quer dizer alguma coisa, mas provavelmente que eu e o editor desse texto andamos lendo, recorrentemente, as mesmas poucas obras ao longo dos anos. Porque a literatura é algo tão vasto e não pode se reduzi-la às narrativas americanas e europeias, com um pouco de sorte sulamericanas. Que dizer do grande continente africano ignorado, de toda essa produção sobre a qual pouco sabemos? Quais são seus personagens, seus temas, seus estilos? 
Só aceitamos o Outro que é Eu Mesmo?

sábado, fevereiro 07, 2015

Carnaval

Carnaval na cabeça. Sei do batuque que em breve vai invadir as casas e acho tudo belo e inspirador, me desperta vontade de também sair às ruas, me fantasiar, esquecer da vida. Mas talvez esse seja o principal momento para prestar atenção nela:
a Vida.
O conceito filosófico, a relação real que cabe a mim e a mais ninguém. As decisões que me cabem e que ninguém pode resolver por mim. Os resultados que dependem de mim. O rumo da vida que - tragicamente - depende mais que nunca de mim. 

terça-feira, fevereiro 03, 2015

São Paulo

São Paulo, meu amor, minha cidade, fez 461 anos no meio da crise - ou como melhor definiria Eliane Brum, catástrofe - hídrica. São Paulo que, como ela diz, foi construída sobre seus superlativos, foi tornada passiva: 
- a cidade está sofrendo com a falta de água! 
A sentença não expõe os agentes, os sujeitos da crise: nós, população consumista, mas sobretudo da indústria e uma política vergonhosa.
Hoje eu lavei roupa com medo que não houvesse água para o banho - isso porque não fiquei sem água até hoje. Lavei roupa com medo que algum vizinho batesse à porta para me responsabilizar pela crise por meu consumo inconsciente. A falta de água nos transformou em vigilantes de nós mesmos. Os mecanismos de vigilância e controle se disseminaram pela sociedade, cada um observando seu círculo numa vigilância indiscreta e sem dono. Digno cenário foucaultiano.

O fazer

Da importância de fazer várias coisas:
aprendo muito, cada dia. 
Novas perspectivas sobre a própria língua em mutação e as dificuldades de quem se aventura em terra estrangeira. 
Novas cidades, culturas, olhares sobre guerra e paz. Sobre o momento, movimento e permanência. Sobre a centelha, a fração de vida de quem não sabe se, como nós, acordará amanhã para tomar um café amargo, pois sequer sabe se acordará e se haverá amanhã.
Novos ensinamentos e reforços sobre arte e vida. 

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Birdman e o voo do ego

Incomodamente, Birdman me fez reviver os muitos pesadelos que já tive a respeito de coisas que acho que que aconteceram, mas que não tenho certeza se realmente aconteceram.
Birdman enfiou a mão no meu peito e trouxe a sensação de me questionar, quando de todas aquelas situações em que estive sozinha ao conhecer alguém: mas isso aconteceu mesmo?
Essa noite aconteceu de verdade?
Aquela pessoa que conheci é uma pessoa real?
Estive falando sozinha ou para um nada materializado?
Voei pela cidade ou tomei um táxi?