quarta-feira, junho 29, 2011

Boomerang Blues.

Ao fim, por fim, mesmo a saudade irracional queda explicada: é fruto do tempo frio e das vicissitudes e eternas incertezas. Quem dera pudéssemos sempre resolver do modo mais fácil.
O jeito é fazer disto tudo histórias: pra rir, lembrar, e guardar no papel. Tirar da vida, dar espaço para o que vem.

sábado, junho 25, 2011

Da ausência.

"verde quente erva ventre dentro entranhas mate amargo noite adentro estrada estranha".


como dizia a música. saudade de respirar perto da sua nuca, mas também não consigo me lembrar mais do seu cheiro. Parece que não havia, na verdade, porque tudo era leve, leveza, e nada ficou então, tudo voou.

terça-feira, junho 21, 2011

o café de hoje.

Ainda leio bobagem pra me entreter, e sinto saudade de quem me faz rir. Xícaras de café pelas mesas, quanto foi não sei - muito. Muito de expectativa pra na hora não saber o que fazer. É mais fácil se sentir à vontade com quem é mais leve, leva a vida sem os meus pesos e medidas. Mas sei lá, algo martela na cabeça, à la "já vi este filme antes". É que uma hora pára de doer, a saudade se torna só lembrança, mas eu tenho a inexorável sensação de estar mais perto, cada vez mais perto, cada vez mais perto do ponto exato, excelência.
A consciência é essencialmente intencional: dirige-se a algo, um objeto transcendente, que está fora, ora pois. Eu cada vez mais perto, em comparação aos erros passados. Parecia até que ia dar certo. Talvez devesse controlar essa mania de querer controlar: se não está bom, resolva. Eu sou assim, as luzes estão apagando, você me olha com olhos doces, dóceis, e é só isso: uma vida que não conheço e sua afabilidade, seus convites pra tomar uma com tanta gente. Comigo também, sejamos justos, porque justiça é compreensão, mas também lucidez.
Lucidez também é perceber que depois de tanto, não é hora pra mais. Não agora, se o ciclo se repete, se bem que parece um pouco diferente. Vai saber.

segunda-feira, junho 20, 2011

pra machucar os corações.

Antes de começar, perguntei: você quer mesmo? escrever, codificar. Talvez faça bem, ou tanto faz. Podia ser qualquer coisa, um trecho de Pessoa sobre superação daquilo que não cabe mais na vida ou algo que o valha, ouvindo Simon and Garfunkel, qualquer coisa, hoje que não consegui terminar de escrever ainda sobre o Sartre. Preciso de concentração, mas no fundo não há o que resolver. Não há problema, é só o pensamento que não pára, não desliga, quando tudo se apresenta em silêncio.
Mágoa presente apaga a do passado. Foi uma sensação de maturidade a conversa no telefone pra resolver problemas sérios. Apenas faça a coisa certa, eu pensei; como se fosse com você, repetia pra mim mesmo. E a vida foi me emocionando, e a tristeza do domingo tomou conta - porque há acidente e a música daquele dia - mas a vida também me puxou de volta pro seu maior sentido: fluxo que não se capta, tudo passa e outras coisas vêm se que se perceba. Quem diria que viver iria dar nisso? Que um clique e a curiosidade nos levariam tão longe. Que a conversa tão desinteressada conduziria ao não-entendimento. Olha, usei esse "olha" pra introduzir assuntos que não sabia como abordar: pra admitir um retorno à condição de paz, pra reconhecer boas ações - nem vamos questionar se estavam ou não providas de carinho - e a possibilidade de um reencontro. Algo como esse "olha" pra falar que não estava bem, nada bem, e que não dava mais. Algo como esse "olha" pra tentar iniciar: mas talvez seja precipitação querer começar sem encerrar de fato um capítulo, sem dar tempo à vida pra entender o fim de uma etapa. Sempre haverá tempo pra retornar as ligações, e descobrir o que não se sabe bom ou mau.

quinta-feira, junho 16, 2011

heart of gold

"It's these expressions that never give
Keeps me searching for a heart of gold"

terça-feira, junho 14, 2011

Os funerais do coelho branco:

lembrando um tempo em que havia tempo para ler.

"E se eu disser que eu nunca soube nada de minha vida, que eu sempre deixei tudo passar por mim e às vezes ia, às vezes não ia, dependendo do gosto do café"

Tempo é isso. E é aquela música também.

"Devia ser proibido


Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira".

segunda-feira, junho 13, 2011

.

Claro que senti, porque não sou pedra também. Mas em primeiro lugar prezo pela minha sanidade e pelo direito de não precisar me preocupar com esse mundo cheio de desnecessidades, gente desnecessária. Há algo num pôr-do-sol que não é possível explicar. Vai doer, lógico, mas vai passar: só não se perca de você mesmo, não se perca por aí. Não tem música pra explicar essa sensação, aquela mesma que senti saindo do carro na manhã gelada de sábado: acabou.

Tem uma conotação de progresso em relação ao passado. Certas coisas se repetem, continuo a esquecer o que ia escrever num impulso. Deve ser algo sobre a saga da consciência em busca de si, seus confrontos com o objeto, relações estabelecidas. Filosofia é hospital, isso nunca muda...e agora me lembrei da urgência: lavar os lençóis.

domingo, junho 12, 2011

Barra Funda, cinco da tarde;

pôr-do-sol e homens cansados. Maçã argentina. Presença doce que só se vê de vez em quando - família. Amigos. Tanto bem, que preciso só dormir um pouco agora.

sexta-feira, junho 10, 2011

respira fundo;

respeita o tempo. E de repente dá aquele alívio, as coisas se acertam então? A prova corre bem, mesmo quando não é bom o resultado, mas suficiente para ir longe, literamente. E se...imagina? Melhor nem planejar. De qualquer forma fez valer a pena tanto barulho. Experiência, o chocolate quente, que coisa.
Pensar lá, aumenta minha saudade. Mas era impossível também conter o sorriso ainda que no dia tão frio, o lábio um pouco ressecado, a orelha esquerda molhada da água que o ônibus espirrou, ali, em frente ao Pão de Açúcar. De repente tudo o que é pra ser está contido em germe. Que sensação boa esta, nem dá vontade de dormir pra cultivar, assim, quietinho, ouvindo Blues, into your blues, lendo Caio e Sartre. E mesmo quando desacredito, a vida, essas pessoas que surgem e carregam para frente, nos devolvem à linha e o nexo. A boa vontade é fundamento de tudo, até da virtude.

quarta-feira, junho 08, 2011

as coisas tão mais lindas,

isto é, uma continuação do que eu já dissera.

Pensei primeiro em algo como "as piores coisas do mundo". Ou ao menos "as mais idiotas". Dei pra pensar até nessas inconstâncias dos últimos tempos, mas no duro, não é melhor que se deixar levar por tanta confiança. E plano pro futuro. Enfim, sobre o que não der certo, a sensação sempre será de uma saudade, mas como tantas outras cicatriza alguma hora, e mesmo os lugares não trarão além de lembranças. Nada de genial pensar nisso, mas em horas de dúvida tudo parece obscuro. Melhor esclarecer, e sobre o que não se sabe, apenas dar o passo fundamental e inevitável: o próximo.
Sei que parece uma espécie de fim, esse silêncio direto, marcado de indiretas. Tudo bem, ninguém tem que resolver nem dar satisfações. E é ruim, claro, o não-saber, mas isto não leva a lugar algum. Há algo outro, porém, que leva, que quer levar. Me deseje o bem, só o bem: não precisa mais que isso. E não é difícil.
E eu também faço silêncio, me protejo e preservo. Quero só serenidade. Sereníssima.

terça-feira, junho 07, 2011

as coisas mais bonitas do mundo:

me defender quando eu tinha vontade de desistir, afirmar em bom tom que acredita em minha capacidade foi a coisa mais bonitinha que me fizeram nestes últimos tempos. Um carinho na minha bochecha enquanto eu falava no cinema foi a coisa mais bonitinha que me fizeram nos últimos tempos. Dizer que a dor passou depois de termos uma conversa casual foi a coisa mais bonitinha que me fizeram nos últimos tempos. E a ligação - ah, aquela ligação no meio da tarde de sexta, depois de uma semana sem se ver, foi a coisa mais bonitinha que me fizeram nos últimos tempos...sua voz como que entre uma desculpa por ligar e uma realização de vontade, um passo à frente.
O jeito de me chamar - ainda que não seja na minha frente - é outra coisa das mais bonitinhas destes últimos tempos. Tudo anda tão bonitinho: o mundo numa harmonia assim, singela, oscila, surpreende. Até meu choro lendo textos sobre crianças foi bonitinho, perto de outros tempos, como uma canção do Oasis.

"So I start a revolution from my bed
'Cause you said the brains I had went to my head"

domingo, junho 05, 2011

polaroids

of polar bears. Sim, faz tempo. Aí lembro a outra musiquinha, a do cinema. Tudo parece distante. Tenho tão pouca coisa e tanta: o chocolate na gaveta, meu projeto, meus textos, meus planos, pessoas tão boas.
E eu fiquei aqui - ao menos não é mais lá - e pensei bastante, e de repente tive calma, e certeza de que tudo se acerta: porque o que não se acerta passa. Como passou aquela urgência; deixe ir, fluir, viajar, e veremos o que volta...Life is the most beautiful of claims. Acredito, até. Vontade de foto em branco e preto e gente que faz bem. Seus gestos, o perfil, a voz na ligação no meio tarde - você me ligou naquela tarde vazia - e desacreditei quando descobri que literalmente perdi a ligação.
Don't look back in anger. Preciso de um pouco de calma, e paz, e silêncio. E nada fazer.

sábado, junho 04, 2011

anúncio:

"Estás desempregado? Teu amor sumiu? Calma: sempre pode pintar uma jamanta na esquina"

"Life's too short not to forgive";

é preciso ter paciência, deixar fluir, justo na hora que se quer. Mas a ligação no meio da tarde, a pergunta, vale até o que não for pra ser. Vielleicht.