quarta-feira, janeiro 09, 2019

Ornamento

Olho a igreja em seus detalhes. É preciso tempo, sentar-se confortavelmente, sossegar o espírito, minimizar os ruídos e diminuir os barulhos que adentram da praça da Sé até sentir, ouvir a atmosfera ondulando na fronte, passando entre os ouvidos. E então: levantar os olhos, mirar as pilastras, os feixes de colunas que conduzem os olhos sempre para cima, onde encontram os ornamentos. São repetições não exatamente geométricas, mas padrões vegetais, ramos com as folhas pequenas levemente descoladas da construção.


Fonte: http://www.imagens.usp.br/?attachment_id=8909

Mais acima está o teto de abóbadas de arestas, um céu pontudo sob a floresta de colunas. 

sábado, janeiro 05, 2019

As casas

O olho da maçaneta via por dentro e por fora - aqui, nesta casa pequena; na casa de meus antepassados; até nos cômodos insuspeitos de construções esquecidas. Meu pai nos dizia da casa antiga no sítio da minha avó, desenhava os cômodos como eram antes da reforma. Me lembro vagamente dessa casa de antes, pouca coisa das paredes com a pintura estufada e descascada, as janelas com tramela, as vigas de madeira do teto sem forro. Não conhecemos as casas anteriores da minha mãe. Eram mais pobres, especialmente as da roça paranaense, isoladas numa existência árida. Mas em todas estas casas havia o gérmen, o meu gérmen, o gérmen de nós que estamos presentes agora, pois tudo é e vem a ser através daquilo pelo qual se torna.