terça-feira, maio 29, 2012

Viagens

Toda vez que volto de viagem me sinto numa cena de Lost in Translation: os prédios vão passando, eu olhando de dentro do carro e toca mentalmente Just like honey. Aí quando eu me lembro daquele dia no Karaoke parece que eu protagonizava More than this...estou numa luta eterna contra o tempo. Eu deixo as pessoas cada vez mais com o peito apertado; eu não quero ir embora, mas eu quero ir embora, porque eu sinto falta do som de lá. Ainda assim, sei que vou sentir falta dessas flores e da calma de tomar um sorvete às terças-feiras, 4 da tarde.

quarta-feira, maio 23, 2012

Último romance

Um minuto de silêncio pelos shows que a gente não viu.

quarta-feira, maio 09, 2012

Love will tear us apart

Again.
Os joelhos doem, ralados do tombo. Tombo de verdade na rua molhada, correndo pra pegar o onibus, rasgou a meia-calça mais bonitinha enquanto pulsava forte ainda a última cerveja: uma preta, a "revelação da noite", como se diria. Que bom que surpreendo alguém de vez em quando, em lugar de ser só surpreendida. 
É oficializado: eu não quero saber dessas vidas. Das fotos do mais novo casal feliz abraçado na praia, de pôr-do-sol bonito, de viagem de uma semana pra lugares paradisíacos precedida de convite aberto à comemoração e despedida dos amigos. Pro inferno o sotaque forçado e as opiniões sugestivas tornadas públicas. Eu não tenho o que falar ao mundo. 
Justamente quero meus dias só pra mim, guardando por dentro o gosto da cerveja e dos cafés da África e Guatemala, guardando um bem-estar tão pleno, um círculo de pessoas que são tão calmas e boas, nos mais diversos sorrisos; guardando a voz que me chama no meio da rua com sotaque estrangeiro agradável aos meus ouvidos; guardando as canções que a gente inventa pra se livrar dos insetos, pra rir da vida e na nossa inabilidade com o idioma estranho, guardando o gosto do chocolate e do prazer. Cultivando auto confiança ao me prometer nunca reler aquele email.
Me observa mais um pouco fazendo estas coisas todas: você está exatamente dentro delas, enquanto diz que sou muito legal e elogia minhas habilidades comunicativas até então desconhecidas. Alguma hora o dinheiro vem, eu tento me convencer. Até lá, vou vivendo de carinho.

terça-feira, maio 01, 2012

Neil Young e Família

Ouço Harvest Moon enquanto arrumo algumas coisas depois que minha irmã foi embora. Ouço as canções que as árvores floridinhas cantam agora na primavera, enquanto arrumo a minha vida, enquanto cuido do espírito e me admiro (palavrinha recorrente, capaz de nos emudecer mesmo quando há tanto pra falar...) com as descobertas e as pessoas, com as cores e a sutileza dos nossos dias. Nada é como estar com alguém que te conhece de verdade, que te deixa à vontade de verdade, companhia agradável sem esforço, subindo as montanhas, sentado no parque, tomando uma cerveja olhando o rio, os barcos. Às vezes a coisa mais difícil é admitir que a gente nunca vai voltar a morar com a família como quando a gente era criança e jamais podia imaginar o que ia ser da vida de cada um. Ainda que os amigos te liguem pra dizer que estão te esperando em um bar qualquer, pode ser que a única vontade seja voltar aos dias que a gente comia bolacha água e sal assistindo Sessão da Tarde.