sábado, novembro 30, 2013

É bom te ver, ou Criar laços e desatar nós

O mundo anda complicado, mas oras, tenho tentado resolver do jeito que dá. É ruim brigar com amigo do peito, é ruim sentir saudades, é ruim sentir ciúme e insegurança, mas eu tenho tentado resolver, falar como me sinto, criar laços e desatar nós. 
Falar.
Ou escrever, dá na mesma. Me sinto mais confortável escrevendo, de fato, mas se trata de expressar o que quer que seja. Eu reluto, mas é preciso aprender a lidar com isso, faz parte da iniciativa de um mundo efetivo, não só do parque de diversões da minha cabeça.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Permissão

Estou tentando não fazer a transição mental entre gratidão para algo mais. Por isso, prefiro escrever para aliviar a tensão antes de te responder.
Palavras são portadoras de sentido, daquilo presente inconscientemente. Melhor escrever aqui antes de te responder, porque vai que rola um ato falho qualquer.
Acho que consegui.

Mas, relendo o email, percebo que obviamente as palavras expressaram em seus duplos sentidos aquilo que me toma os pensamentos há um tempo - "qualquer coisa que precisar, só dar um toque".
Como se não fosse o que eu quero.

As ex-namoradas

Alguma coisa não muito bem-resolvida aqui dentro de mim me faz ficar pensando nesse assunto, enquanto consigo - ao menos isso! - resolver algumas coisas cotidianas. Sim, eu fico pensando nas suas ex-namoradas. 
Teria sido mais fácil se eu não tivesse sabido, mas como as coisas escaparam deste modo subjuntivo, você me falou e eu guardei. E fiquei assim criando certas imagens:
acho que as últimas garotas a quem você intitulou "ex" tinham o sotaque genuinamente paulistano, com um tom de voz mais puxado pro grave, daquele jeito do Renato Russo, mesmo sem ser paulistano, falar "ãã, que coisa, menino!", antes de pedir On the way home no acústico MTV. 
Sem dúvida eram moderninhas modernetes, dessas gatinhas que frequentam a Augusta e prendem o cabelo num coque no topo da cabeça, soprando a franjinha, com a gola da blusa bem larga pendendo, deixando à mostra a alça fina do sutiã de menina. Vestiam calças coladas e botinhas, são magras e pequenas. De pele clara e cabelos castanhos, lisos. 
Mas talvez tenha havido alguma assim mais rebelde, com uns cabelos encaracolados que insistiam em apontar para o céu de modo meigo e surpreendente. Meio loira. Essa com a voz mais fina, de cantora-bailarina. Seria a mais magra de todas, o corpo definido pela dança.
O corpo dela seria parecido com o seu.
A que trabalhava no acervo seria o frescor em pessoa. Eu a imagino com um aventalzinho branco por cima da blusa azul, mas já não consigo perceber sua voz porque há outra pessoa que se coloca ali. Esta conheço deveras: é divertida, pequena mas "teimosa" (assim mesmo, reforçando bem a sílaba "mo" em teimosa), de pernas fortes e amigos maravilhosos.
Engraçado como você sempre se rodeou de gente interessante. Talvez precise disso pra inspirar, ou talvez você atraia gente assim por ser assim. 

quarta-feira, novembro 20, 2013

Hora de assumir

Apesar do medo de admitir isso, me represento muitas vezes como será esse futuro próximo, no qual a maior preocupação atual é onde morar.
Talvez venha a ser uma kitnet na 9 de julho. Ou na Liberdade. Ou aquela da Alameda Santos.
Penso que terá uma padariazinha por perto. E também uma lanchonete movimentada, onde depois de um tempo de morada por ali serei reconhecida - não pelo nome, porque isso as pessoas não guardam, ou melhor, sempre trocam - mas por uma característica qualquer, talvez por pedir sempre a mesma coisa, um tipo de pão, um café preto sem açúcar nem leite.
No começo sentirei falta da rotina daqui, de encontrar as pessoas no almoço, de simular e evitar encontros. De ter de fato conhecidos. Mas logo o anonimato da vida no coração da cidade me seduzirá, e em época de férias de todos mas entrega de trabalhos de mestrado para mim flanarei pela cidade; sem gastar dinheiro, só haverá dispêndio de tempo.
E em breve conhecerei outras padarias, quem sabe um café, uma feira, um supermercado barato, outro mais caro onde em ocasiões muito especiais comprarei cervejas diferentes, uma floricultura, Descobrirei uns botecos pés-sujo pra levar alguns amigos - alguns, pois a maioria não estará por aqui no próximo ano. Com isso, surgirão novas pessoas. Terei liberdade e calma para andar a pé e voltar à noite sem me sentir perseguida. A cidade, esta entidade que a tantos amedronta, me acolherá.

Inspirações

Quantas vezes lerei o poema "Mulata Exportação" dessa genial Elisa Lucinda e sentirei a mesma coisa, o mesmo arroubo do fantástico?
Lendo seus textos descubro ainda o que é azeviche.
É muita inspiração mundo afora.
Começo a escrever, preciso escrever. Projetos, livros, trechos, excertos, qualquer coisa vale, porque eu acredito que a escrita me ajuda a melhorar a introspecção (embora me adentre ainda mais em mim mesmo), porque me ajuda a conter e repensar e retrabalhar os sentimentos que não gosto, o ciúme, a insegurança, o ciúme, o ciúme e o ciúme. Transformo isso em inspiração junto da lembrança do seu corpo que me descrevo como contínuo: a mesma cor, a mesma textura lisa, o mesmo cheiro nele todo. Não há quebra de padrão: o bronzeado é o mesmo, os músculos se distribuem por igual, seu braço tem o mesmo cheiro meio cítrico no fundo no fundo indescritível da nuca.
Pois eu ainda não tinha escrito sobre isso.

quarta-feira, novembro 13, 2013

Ciclos

Ciclos não me incomodam. A repetição mensal da menstruação, por exemplo, me alivia. A sensação de encerrar ciclos profissionais também me agrada, ou mesmo ciclos emocionais.
Mas odeio completar anos. Este 13 de novembro sempre me deixa encabulada, com vontade de sumir no mundo, dormir do dia 12 ao dia 14. Quem não lembra da data me magoa, quem lembra me intimida. 
Eu havia me planejado para passar o dia fora, por aí, na cidade. Mas as obrigações - sempre e só elas - me trazem pro convívio social. A vantagem, já diria minha mãe, é ter menos tempo pra pensar, pra ter consciência do dia em questão.

Mas você e sua presença calada, que ainda não sei se é ausência de fato, me incomodam. 

quinta-feira, novembro 07, 2013

Paranoia delirante

O medo de ser tratado como se trata o próximo sem perceber.

Você me responde exatamente como eu respondia há uma semana. Proposital, me pergunto? E entro em paranoias sem fim, pois penso que agora que você me conhece um pouco, vai pular fora sem dó - uma pessoa complicadinha, imatura, sem experiência mas cheia das convicções ninguém quer, não é?
Deve ser difícil mesmo ter paciência com certos começos pra quem já está cansado e sabe bem o que quer. Ou, mais ainda, pra quem sabe exatamente o que não quer.
Me sinto mal e não sei dizer ao certo se é por ser com você, mas suspeito que no fundo é por ser comigo o problema todo. Ainda ontem fazia menor diferença isso tudo, mas como sempre eu caio onde não pensei haver perigo.

Tenho então de retornar ao lugar onde encontro abrigo: meu próprio ser. Repetindo mentalmente que "vai passar, como sempre passou", parece que melhora. E a perspectiva da mudança também ajuda: eu mudo, sempre. 


segunda-feira, novembro 04, 2013

Porque fica algo a se dizer?

Harvest é bom, mas o On the Beach foi o que descobri ultimamente, ao lado do Zuma e do Greendale. Do primeiro álbum, a Last trip to Tulsa vai partindo meu coração, me esforçando pra ouvir a voz assim, baixinha, até fazer meu coração em caquinhos. Neil Young me atinge para além dos limites de qualquer outra arte. Neil me acompanhou pela Alemanha e cada música era capaz de exprimir meus variados estados, desde à solidão ao êxtase, do canto da terra natal às músicas de estrada.

Ainda tem Mellow my mind, Motion Pictures, Mr. Soul, World on a string, Pardon my Heart, The Old laughing lady. Tell me why sempre acabou comigo. Pocahontas e sua gaita. From Hank to Hendrix. A grande viagem em Down by the river
Teve também aquele belo dia em que prestei atenção em Falling from above.
O meu começo abstrato disso foi o Renato Russo com On the way home naquele acústico. Heart of gold me retomou a lembrança. E Cinammon Girl marcou nosso começo efetivo.

Pois ontem mesmo eu discutia sobre o porquê de sempre restar algo a se dizer. Me explicaram: é que da mesma forma que as coisas não se constroem de uma hora pra outra, também não acabam de uma hora pra outra. Há muito o que ser discutido, questões que carecem de ser postas.

True love will find you in the end?

domingo, novembro 03, 2013

Esse domingo

Esse domingo de sol tão bonito na melhor cidade da América do Sul.

Os sapatos de Cazuza à mostra na exposição: um parzinho claro de all-star detonado.

Você me desconcerta em níveis consideráveis com essa história de querer saber mais, mas ao menos me expliquei. E como sói acontecer, foi preciso mudar o lado da fala - males de quem é feito para ouvir.

É que lendo Os sonhos de Bunker Hill eu fui tragada novamente para essa coisa do escritor solitário, que de "seu" tem só sua própria atividade, após as perdas e fracassos de um mundo que não é aquele dos sonhadores e ingênuos que só se tornam mentirosos circunstancialmente. E ainda tem a introdução do livro pelo Caio Fernando Abreu. O veredicto: sou meio cúmplice do Arturo na capacidade de pôr abaixo aquilo que parecia ter tudo para dar certo.