quarta-feira, novembro 20, 2013

Hora de assumir

Apesar do medo de admitir isso, me represento muitas vezes como será esse futuro próximo, no qual a maior preocupação atual é onde morar.
Talvez venha a ser uma kitnet na 9 de julho. Ou na Liberdade. Ou aquela da Alameda Santos.
Penso que terá uma padariazinha por perto. E também uma lanchonete movimentada, onde depois de um tempo de morada por ali serei reconhecida - não pelo nome, porque isso as pessoas não guardam, ou melhor, sempre trocam - mas por uma característica qualquer, talvez por pedir sempre a mesma coisa, um tipo de pão, um café preto sem açúcar nem leite.
No começo sentirei falta da rotina daqui, de encontrar as pessoas no almoço, de simular e evitar encontros. De ter de fato conhecidos. Mas logo o anonimato da vida no coração da cidade me seduzirá, e em época de férias de todos mas entrega de trabalhos de mestrado para mim flanarei pela cidade; sem gastar dinheiro, só haverá dispêndio de tempo.
E em breve conhecerei outras padarias, quem sabe um café, uma feira, um supermercado barato, outro mais caro onde em ocasiões muito especiais comprarei cervejas diferentes, uma floricultura, Descobrirei uns botecos pés-sujo pra levar alguns amigos - alguns, pois a maioria não estará por aqui no próximo ano. Com isso, surgirão novas pessoas. Terei liberdade e calma para andar a pé e voltar à noite sem me sentir perseguida. A cidade, esta entidade que a tantos amedronta, me acolherá.