segunda-feira, novembro 25, 2013

As ex-namoradas

Alguma coisa não muito bem-resolvida aqui dentro de mim me faz ficar pensando nesse assunto, enquanto consigo - ao menos isso! - resolver algumas coisas cotidianas. Sim, eu fico pensando nas suas ex-namoradas. 
Teria sido mais fácil se eu não tivesse sabido, mas como as coisas escaparam deste modo subjuntivo, você me falou e eu guardei. E fiquei assim criando certas imagens:
acho que as últimas garotas a quem você intitulou "ex" tinham o sotaque genuinamente paulistano, com um tom de voz mais puxado pro grave, daquele jeito do Renato Russo, mesmo sem ser paulistano, falar "ãã, que coisa, menino!", antes de pedir On the way home no acústico MTV. 
Sem dúvida eram moderninhas modernetes, dessas gatinhas que frequentam a Augusta e prendem o cabelo num coque no topo da cabeça, soprando a franjinha, com a gola da blusa bem larga pendendo, deixando à mostra a alça fina do sutiã de menina. Vestiam calças coladas e botinhas, são magras e pequenas. De pele clara e cabelos castanhos, lisos. 
Mas talvez tenha havido alguma assim mais rebelde, com uns cabelos encaracolados que insistiam em apontar para o céu de modo meigo e surpreendente. Meio loira. Essa com a voz mais fina, de cantora-bailarina. Seria a mais magra de todas, o corpo definido pela dança.
O corpo dela seria parecido com o seu.
A que trabalhava no acervo seria o frescor em pessoa. Eu a imagino com um aventalzinho branco por cima da blusa azul, mas já não consigo perceber sua voz porque há outra pessoa que se coloca ali. Esta conheço deveras: é divertida, pequena mas "teimosa" (assim mesmo, reforçando bem a sílaba "mo" em teimosa), de pernas fortes e amigos maravilhosos.
Engraçado como você sempre se rodeou de gente interessante. Talvez precise disso pra inspirar, ou talvez você atraia gente assim por ser assim.