domingo, agosto 29, 2010

arbítrio, escolhas, liberdade.

a gente aprende a lidar com isso, mais hora ou menos hora, bem a como a diferenciar uma coisa da outra. Daí os aprendizados que se tira são dos mais diversos, mas o mais importante - creio eu - é o agir de boa-fé. As distorções vêm depois, mas de início era tudo tão simples e de intenção boa, e até nos deslizes se realizou a proposta: atingir o conhecimento. Disso não reclamo: descobertas demoram, mas não tardam, e mostram o que se precisa ver em cada momento, e nada mais.

Fiquei pensando, dormi, acordei, caminhei e passei pelo sol e pelo vento, ou eles passaram por mim, tanto faz. Pensei tanto, boquiaberta com os rumos e surpresas, com as menores ações que nos levam pra lugares inimagináveis, aproximando o lado oposto que, no fundo é nada mais que espelho. Uma situação me põe em estado de alerta, outra em estado de calma e graça, mas sobre nenhuma das duas sei de fato onde vão dar. Pra uns foi tempo perdido, mas na urgência do momento e da realização da vontade livre não parecia desperdício algum, parecia o desfecho ideal. Vai saber...

A base das relações é o reconhecimento. Me reconheci ali cumprindo um desenvolvimento necessário, mesmo cultivando uma coleção de "erros", dos quais não se diz então erros, mas tentativas, algumas esgotadas, outras não. Engraçado é o retorno ao ponto de início do ciclo, como se isto estivesse fadado a ocorrer desde sempre, esperando a situação e o acúmulo de diferenças, de modo que o retorno traz uma sensação ainda mais forte. Que seja soma, e não subtração, mas acredito que tudo se resolve na nossa responsabilidade e na boa disposição de ânimo, agindo a fim do melhor pra todos. Eu vou ou fico de acordo com o gosto do café, sempre. E agora não acredito mais é no café extra-forte, grão queimado, mas continuo negando em todo caso o açúcar, quero o gosto de verdade. Aceito o doce do chocolate só, e me encaminho para o fim da noite vendo um horizonte meio embaçado e uma lua bela, meia, rumando para sumir e retornar, sumir e retornar.

quinta-feira, agosto 26, 2010

calma.

preciso de calma, porque lembrança titubeia, depois de tanto tempo sem ver. Traz de volta o cheiro fraco e limpo, os olhos diferentes, o olhar diferente. Será possível que o tempo apaga o que não se marcou assim, de fato? Preciso de concentração. Preciso de mais tempo. Preciso de acreditar nos caminhos bons, e não nos que acho que são bons. Nas pessoas boas, não no que me convém. E preciso de desprendimento pra deixar passar o que é livre; forjando asas nos pés - meus, de quem há de as ter - porque nada nesse mundo pertence a um só lugar, mas tudo move, caminha, segue rumos necessariamente. De que adianta estar parado?
Se eu quero liberdade, tenho também de assumir isso como o que posso oferecer. A gente só dá o que tem.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Somas

acontecimentos são como somas: uma vez ocorridos, é sempre um passo à frente e nada pode apagá-los. Nesses passos da vida traço, ora com beleza, ora com brutalidade, meus caminhos. Indico a mim mesmo um rumo, persigo metas, e se me convém, abandono planos vãos então.
É pensando nisso que, apoiada na grade mas sem segurança alguma, vislumbrei o alcance daquele contato. Mas não é a segurança, por assim dizer, que eu quero - quem quer garantia, compra eletrodoméstico. Porque o que eu quero é autêntica liberdade, não o Arbítrio de escolher entre dois ou três caminhos feito produto na prateleira do mercado. Quero a liberdade que é estar comigo mesmo, conciliando as várias faces, lado racional e estético, a sensibilidade que desperta a razão e a razão que engendra a sensibilidade, unidade vivente. O tato vazio perde o cheiro, o gosto, se não há...bem, ainda não sei o que falta ali, mas não carece de buscar. No meu desejo de liberdade já não cabe essa incompletude, essa falta; não descarto, mas deixo no canto da mesa.
Pensando bem, completo por ora: o tato vazio perde seu cheiro e gosto se não há significado. Tem-nos faltado entendimento e sobrado sentidos. Mas todos buscamos a excelência.

terça-feira, agosto 17, 2010

Jorge Ben Jor,

Jorge Ben Jor, Jorge Ben Jor...até dar overdose.

quinta-feira, agosto 12, 2010

a canção do dia confuso,

das presenças inesperadas, do mundo que se fecha e que se resume às pessoas tão importantes quanto difíceis de lidar, que exigem atitudes e decisões, evocam passados breves ou quase soterrados. Esta seria também a canção do dia em que, mais que presenças perturbadoras, a ausência perturbava ao indicar a iminência. Disto tudo começa a repetição num novo nível do ciclo, e outras presenças passam a figurar. Que fazer com tudo isto? Quisera eu guardar num armário bem fechado para de lá tirar só quando me conviesse, de acordo com o gosto do café ou o cheiro da lembrança, contato, com tato.
Mas não. As pessoas se movem, tomam rumos, às vezes até nos levam com elas. Pensando nisto é que deixei o livro aberto, o parágrafo lido pela metade, olhando ao redor sem horizonte fixo, apenas porque a atenção vagava. Não sei mais como os grandes homens conseguem resolver seus problemas, separando trabalho e afetos, aqui e lá. Eu misturo tudo e qualquer dia acabo extraindo do Hegel uma espécie de filosofia dos relacionamentos, pra fazer o chão do cemitério de Berlim tremer com tal "blasfêmia". E depois disto, vem a morte na fogueira.
Mas por maior que seja a confusão, a saudade, a revolta com as pequenas injustiças cotidianas alheias e ao mesmo tempo adjacentes, além de um pouquinho de descrença, ainda me fio à capacidade diária de nos surpreendermos. E até quando a surpresa falhar, quem é que disse que o cotidiano não pode ser extraordinário? Nada mais fantástico que pensar em perfeitas repetições.
[Depois de tudo isto, Nenê Altro me seguir no twitter é bobeira pouca]

domingo, agosto 08, 2010

Meu mundo não é pose congelada: é vida.

A foto, o tempo, o dia foi ficando mais embaçado até as árvores lá fora desaparecerem. Me salve, Nick Cave. Não sou Nenê Altro nem algo que o valha, enfim.
O fato é que as considerações surgiram desse negócio chamado tempo: porque a gente nunca vê essa coisa passando, minutos escorrendo, só tem uma leve - bem leve - noção de ser impelido sempre à frente. Não sei se insistir depois que passou, que a viagem foi feita, ainda adianta. A vida está de volta, a música e palavras, além das sensações que remetem não só ao passado, mas incrivelmente ao futuro, certeza única. Bom ou não, certeza única, mas fico com a primeira opção. Esse frio até então não existia, mas aqui dentro a janela até embaça no contraste do fora frio e dentro quente; e as cores destes dias são fortes.
Eu sorrio quando penso no movimento, nos caminhos que fogem à compreensão e surpreendem. Novamente as surpresas, me ajeito no intervalo calmo do turbilhão, me ajeito até achar meu lugar, nem que pra isso tenha que mudar umas vezes. Afinal, nas mudanças o que foi feito ficou, algo escrito na história. É bom estar de volta; é bom estarmos de volta.

sexta-feira, agosto 06, 2010

a paciência do conceito.

Qual o tempo de nossas ações? Digo: qual a medida entre esperar e parar, ter a paciência necessária pra acontecer ou a perspicácia pra deixar de lado, não pra sempre, mas momentaneamente, numa vida que não para, mas há de andar sempre pra frente? Dizem que até o pontapé impele pra frente...
Mas isto não é o centro, a prioridade está em outros lugares, no fundo, dentro. De volta ao lugar em que o mundo é lá fora, e eu vejo com calma, paro pra pensar: sim, foi preciso um pouco de tempo pra definir rumos nesse retorno. E agora, sabido o primeiro passo do caminho, importa o caminho interior, pois o resto, o resto sempre se resolve. O que não pode passar é o agora urgente.