domingo, dezembro 29, 2013

2013 foi um ano atípico

Para Dominic Molise (ou seria para o próprio John Fante?) 1933 foi um ano ruim. Mas deveria ser feita a justa ressalva: foi sem dúvidas um ano emocionante.
Por aqui, 2013 foi um ano de aprendizados e decisões. Os rumos profissionais se afirmaram e começo a me questionar muito seriamente se a partir de agora deverei chamá-los apenas de profissionais, uma vez que se imiscuíram na vida de um modo tão completo, que não há volta.
O campo pessoal é o que sempre apresenta menos resoluções concretas e mais espaço à construção de possíveis resoluções e sobretudo destruição das velhas opiniões.
Quão diferente somos hoje?
Estamos cada vez mais próximos dos nossos sonhos.

quinta-feira, dezembro 19, 2013

Representações

O papel e o que ele representa; sua capacidade neste mundo corporativo-burocrático: atestar que um canto me pertence por um determinado tempo.
Ignoramos o papel que contém poesia, mas o jurídico e o econômico não. 
Minha noção exata do ocorrido surgiu ao ver o papel. Será ainda maior quando lá constar nossas assinaturas. 
Ok: a poesia ficará para quando eu habitar.

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Alguns apontamentos cotidianos sobre mudanças

Não é engraçado perceber o quanto as simpatias mudam?
Aquela gente que me era próxima hoje em dia não conheço mais, mudo o olhar quando reconheço no ônibus. Mas aqueles, muitos, que eu antes achava terrivelmente bobos, moderninhos demais, wannabe demais, hoje me são semelhantes - assim, semelhantes de longe, mas os compreendo melhor.
Há uma coisa essencial nisso tudo: admiração atual pelos moderninhos hipsters poetas se deu porque e quando eu percebi que eles cuidavam da própria vida.
Nada mais interessante que uma pessoa com vida própria.

(Coceiras: primeiro coça de vontade de se riscar, depois coça durante a cicatrização.)

Do lado de cá, mudanças também. Internas e externas. 
"Oh baby, that's hard to change...I can't tell them how to feel. Some get stoned, some get strange, But sooner or later it all gets real".
Walk on.

quarta-feira, dezembro 11, 2013

Ancorar-se

Ancorar-se sem estagnar - é só o buscar de uma referência, um lugar de pouso no meio de tanta viagem, passagem, transição.
Algo tem de ficar neste eterno devir de pessoas, de sentimentos, de lugares.
Eu sei dos dias importantes da tua vida e me questiono se foi por isso que eu acabei ficando de fora. Por outro lado, o simples fato de não querer compartilhar essas importâncias comigo já é sinal de que eu estava fora.
Tenho umas saudades estranhas.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Mas minha ira me era confusa

Se me chamasse hoje eu iria, não por sentimento ou coisa do tipo, mas pra exteriorizar as energias. No fundo no fundo não sou ser vingativo; sei bem superar certas coisas por motivos práticos. 
Me mira, mas me erra.
Esse "Eu, Verônica, paciente de mim mesma" ficou girando na minha cabeça ao som da voz potente da Karina Buhr.

Vazio
Não sente nada, só vazio.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

Menininho de tênis

Seu tênis coloridinho contrastando com a barba de homem sério. Te imagino na sua casa ouvindo Los Hermanos, como eu tô fazendo agora. Só não é minha casa ainda.
Mas senta aqui mais perto e deixa eu contar da novidade, do meu grande sonho prestes a se realizar. Vou cumprir minha vocação pra poeta-escritora vendo a cidade do alto e escrevendo sobre pessoas e suas vidas através da janela, aquele janelão que vai encher meu quarto-sala-cozinha de luz de dia e de poesia de noite.
Estou tão inspirada e você não sabe.
Talvez tenha notado pela movimentação das minhas costas, ou pelos traços marcados na pele que se multiplicam. Ou pela música que não sai dos meus ouvidos. Mas é fato que a gente se aproxima em silêncio, fica lado a lado respirando o mesmo ar quente e seguindo um ao outro.
Que é que tá faltando pra gente trazer isso pra efetividade?

segunda-feira, dezembro 02, 2013

A persistência da doença

Novamente estou sofrendo de ciúmes
Irremediavelmente
Façam o favor de me desligar o coração, de depurar dele essa sensação imbecil infeliz paralisante que me faz retroceder tanto e me deixa inquieta comigo mesmo
Vejo coisas e penso: sei bem o que você quer.
E me questiono com raiva: como me deixei levar?
Eu nunca fui assim, crédula em palavras. Nunca quis nem quero e recuso qualquer possibilidade pois tenho para mim que não sou ser feito para aturar quem mal se preocupa com a escrita, quem não se preocupa com o outro.
Em especial se o outro sou eu.

sábado, novembro 30, 2013

É bom te ver, ou Criar laços e desatar nós

O mundo anda complicado, mas oras, tenho tentado resolver do jeito que dá. É ruim brigar com amigo do peito, é ruim sentir saudades, é ruim sentir ciúme e insegurança, mas eu tenho tentado resolver, falar como me sinto, criar laços e desatar nós. 
Falar.
Ou escrever, dá na mesma. Me sinto mais confortável escrevendo, de fato, mas se trata de expressar o que quer que seja. Eu reluto, mas é preciso aprender a lidar com isso, faz parte da iniciativa de um mundo efetivo, não só do parque de diversões da minha cabeça.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Permissão

Estou tentando não fazer a transição mental entre gratidão para algo mais. Por isso, prefiro escrever para aliviar a tensão antes de te responder.
Palavras são portadoras de sentido, daquilo presente inconscientemente. Melhor escrever aqui antes de te responder, porque vai que rola um ato falho qualquer.
Acho que consegui.

Mas, relendo o email, percebo que obviamente as palavras expressaram em seus duplos sentidos aquilo que me toma os pensamentos há um tempo - "qualquer coisa que precisar, só dar um toque".
Como se não fosse o que eu quero.

As ex-namoradas

Alguma coisa não muito bem-resolvida aqui dentro de mim me faz ficar pensando nesse assunto, enquanto consigo - ao menos isso! - resolver algumas coisas cotidianas. Sim, eu fico pensando nas suas ex-namoradas. 
Teria sido mais fácil se eu não tivesse sabido, mas como as coisas escaparam deste modo subjuntivo, você me falou e eu guardei. E fiquei assim criando certas imagens:
acho que as últimas garotas a quem você intitulou "ex" tinham o sotaque genuinamente paulistano, com um tom de voz mais puxado pro grave, daquele jeito do Renato Russo, mesmo sem ser paulistano, falar "ãã, que coisa, menino!", antes de pedir On the way home no acústico MTV. 
Sem dúvida eram moderninhas modernetes, dessas gatinhas que frequentam a Augusta e prendem o cabelo num coque no topo da cabeça, soprando a franjinha, com a gola da blusa bem larga pendendo, deixando à mostra a alça fina do sutiã de menina. Vestiam calças coladas e botinhas, são magras e pequenas. De pele clara e cabelos castanhos, lisos. 
Mas talvez tenha havido alguma assim mais rebelde, com uns cabelos encaracolados que insistiam em apontar para o céu de modo meigo e surpreendente. Meio loira. Essa com a voz mais fina, de cantora-bailarina. Seria a mais magra de todas, o corpo definido pela dança.
O corpo dela seria parecido com o seu.
A que trabalhava no acervo seria o frescor em pessoa. Eu a imagino com um aventalzinho branco por cima da blusa azul, mas já não consigo perceber sua voz porque há outra pessoa que se coloca ali. Esta conheço deveras: é divertida, pequena mas "teimosa" (assim mesmo, reforçando bem a sílaba "mo" em teimosa), de pernas fortes e amigos maravilhosos.
Engraçado como você sempre se rodeou de gente interessante. Talvez precise disso pra inspirar, ou talvez você atraia gente assim por ser assim. 

quarta-feira, novembro 20, 2013

Hora de assumir

Apesar do medo de admitir isso, me represento muitas vezes como será esse futuro próximo, no qual a maior preocupação atual é onde morar.
Talvez venha a ser uma kitnet na 9 de julho. Ou na Liberdade. Ou aquela da Alameda Santos.
Penso que terá uma padariazinha por perto. E também uma lanchonete movimentada, onde depois de um tempo de morada por ali serei reconhecida - não pelo nome, porque isso as pessoas não guardam, ou melhor, sempre trocam - mas por uma característica qualquer, talvez por pedir sempre a mesma coisa, um tipo de pão, um café preto sem açúcar nem leite.
No começo sentirei falta da rotina daqui, de encontrar as pessoas no almoço, de simular e evitar encontros. De ter de fato conhecidos. Mas logo o anonimato da vida no coração da cidade me seduzirá, e em época de férias de todos mas entrega de trabalhos de mestrado para mim flanarei pela cidade; sem gastar dinheiro, só haverá dispêndio de tempo.
E em breve conhecerei outras padarias, quem sabe um café, uma feira, um supermercado barato, outro mais caro onde em ocasiões muito especiais comprarei cervejas diferentes, uma floricultura, Descobrirei uns botecos pés-sujo pra levar alguns amigos - alguns, pois a maioria não estará por aqui no próximo ano. Com isso, surgirão novas pessoas. Terei liberdade e calma para andar a pé e voltar à noite sem me sentir perseguida. A cidade, esta entidade que a tantos amedronta, me acolherá.

Inspirações

Quantas vezes lerei o poema "Mulata Exportação" dessa genial Elisa Lucinda e sentirei a mesma coisa, o mesmo arroubo do fantástico?
Lendo seus textos descubro ainda o que é azeviche.
É muita inspiração mundo afora.
Começo a escrever, preciso escrever. Projetos, livros, trechos, excertos, qualquer coisa vale, porque eu acredito que a escrita me ajuda a melhorar a introspecção (embora me adentre ainda mais em mim mesmo), porque me ajuda a conter e repensar e retrabalhar os sentimentos que não gosto, o ciúme, a insegurança, o ciúme, o ciúme e o ciúme. Transformo isso em inspiração junto da lembrança do seu corpo que me descrevo como contínuo: a mesma cor, a mesma textura lisa, o mesmo cheiro nele todo. Não há quebra de padrão: o bronzeado é o mesmo, os músculos se distribuem por igual, seu braço tem o mesmo cheiro meio cítrico no fundo no fundo indescritível da nuca.
Pois eu ainda não tinha escrito sobre isso.

quarta-feira, novembro 13, 2013

Ciclos

Ciclos não me incomodam. A repetição mensal da menstruação, por exemplo, me alivia. A sensação de encerrar ciclos profissionais também me agrada, ou mesmo ciclos emocionais.
Mas odeio completar anos. Este 13 de novembro sempre me deixa encabulada, com vontade de sumir no mundo, dormir do dia 12 ao dia 14. Quem não lembra da data me magoa, quem lembra me intimida. 
Eu havia me planejado para passar o dia fora, por aí, na cidade. Mas as obrigações - sempre e só elas - me trazem pro convívio social. A vantagem, já diria minha mãe, é ter menos tempo pra pensar, pra ter consciência do dia em questão.

Mas você e sua presença calada, que ainda não sei se é ausência de fato, me incomodam. 

quinta-feira, novembro 07, 2013

Paranoia delirante

O medo de ser tratado como se trata o próximo sem perceber.

Você me responde exatamente como eu respondia há uma semana. Proposital, me pergunto? E entro em paranoias sem fim, pois penso que agora que você me conhece um pouco, vai pular fora sem dó - uma pessoa complicadinha, imatura, sem experiência mas cheia das convicções ninguém quer, não é?
Deve ser difícil mesmo ter paciência com certos começos pra quem já está cansado e sabe bem o que quer. Ou, mais ainda, pra quem sabe exatamente o que não quer.
Me sinto mal e não sei dizer ao certo se é por ser com você, mas suspeito que no fundo é por ser comigo o problema todo. Ainda ontem fazia menor diferença isso tudo, mas como sempre eu caio onde não pensei haver perigo.

Tenho então de retornar ao lugar onde encontro abrigo: meu próprio ser. Repetindo mentalmente que "vai passar, como sempre passou", parece que melhora. E a perspectiva da mudança também ajuda: eu mudo, sempre. 


segunda-feira, novembro 04, 2013

Porque fica algo a se dizer?

Harvest é bom, mas o On the Beach foi o que descobri ultimamente, ao lado do Zuma e do Greendale. Do primeiro álbum, a Last trip to Tulsa vai partindo meu coração, me esforçando pra ouvir a voz assim, baixinha, até fazer meu coração em caquinhos. Neil Young me atinge para além dos limites de qualquer outra arte. Neil me acompanhou pela Alemanha e cada música era capaz de exprimir meus variados estados, desde à solidão ao êxtase, do canto da terra natal às músicas de estrada.

Ainda tem Mellow my mind, Motion Pictures, Mr. Soul, World on a string, Pardon my Heart, The Old laughing lady. Tell me why sempre acabou comigo. Pocahontas e sua gaita. From Hank to Hendrix. A grande viagem em Down by the river
Teve também aquele belo dia em que prestei atenção em Falling from above.
O meu começo abstrato disso foi o Renato Russo com On the way home naquele acústico. Heart of gold me retomou a lembrança. E Cinammon Girl marcou nosso começo efetivo.

Pois ontem mesmo eu discutia sobre o porquê de sempre restar algo a se dizer. Me explicaram: é que da mesma forma que as coisas não se constroem de uma hora pra outra, também não acabam de uma hora pra outra. Há muito o que ser discutido, questões que carecem de ser postas.

True love will find you in the end?

domingo, novembro 03, 2013

Esse domingo

Esse domingo de sol tão bonito na melhor cidade da América do Sul.

Os sapatos de Cazuza à mostra na exposição: um parzinho claro de all-star detonado.

Você me desconcerta em níveis consideráveis com essa história de querer saber mais, mas ao menos me expliquei. E como sói acontecer, foi preciso mudar o lado da fala - males de quem é feito para ouvir.

É que lendo Os sonhos de Bunker Hill eu fui tragada novamente para essa coisa do escritor solitário, que de "seu" tem só sua própria atividade, após as perdas e fracassos de um mundo que não é aquele dos sonhadores e ingênuos que só se tornam mentirosos circunstancialmente. E ainda tem a introdução do livro pelo Caio Fernando Abreu. O veredicto: sou meio cúmplice do Arturo na capacidade de pôr abaixo aquilo que parecia ter tudo para dar certo.

segunda-feira, outubro 28, 2013

Ironias

Não é irônico que Lou Reed tenha morrido enquanto aqui, ao sul do equador, eu lia, numa madrugada, a Vênus das Peles, numa viagem sem fim cortando os estados?

A cidade, mais uma vez

A cidade, mais uma vez. A entidade. Já não aquela da orla, do pôr-do-sol, mas a da garoa. Das pessoas que aqui vivem e dizem: "quero sair daqui, essa cidade ainda me mata".
A cidade não mata, porra. A cidade oferece estrutura - precária para a maioria - mas não é ela a causa da sua infelicidade. É especulação imobiliária, má-gestão, que aumentam o preço dos nossos ônibus, nos empurram para a periferia onde o aluguel dá pra ser pago, mas não se vive para além do trabalho-emprego. Mas veja bem, não é a cidade. É o sistema, são as pessoas.
A cidade tem nada com isso. Cresce não por conta própria, mas por aquilo que fazem dela. 
Às vezes ela responde aos abusos com a chuva, com o calor, mas não é ela a causa do seu mau-humor. Eu sei que praia é legal, mas São Paulo é e sempre será, afora Berlin, o refúgio dos esquisitões, dos solitários, dos que cultivam a própria companhia.
E só quem veio de uma cidade onde se sentia oprimido e deslocado compreende como é bom estar em casa.

domingo, outubro 27, 2013

Autonomia e independência

Desenvolver a autonomia mediante a manutenção da própria companhia.
Aprender a conhecer quais são os próprios gostos, quais músicas agradam, casam com o pôr-do-sol na beira do lago.
Caminhar sozinha pela cidade desconhecida, sem medo. As pessoas andam muito paranoicas com "a cidade", espécie de entidade abstrata assustadora. A cidade nada causa - são as pessoas, e algumas delas.
E no final, se surpreender com o que a noite na cidade pode trazer.

domingo, outubro 20, 2013

Um grande círculo de possibilidades

Como é possível que meros sonhos perturbem tanto?
É simples (de explicar, não de entender): pessoas amáveis me confundem, me atraem de um jeito que nunca pensei. Você fazendo um convite, você procurando segurança instintivamente no olhar do outro, você explicando seu projeto, dando uma luz feminista pr'algo tão complexo, culturalmente falando. Lendo seu texto sem pausa, numa entonação só, num fôlego só, pra ver se acaba logo. 
Acordei até triste. Que coisa! Essas pessoas não param de me cercar - nos sonhos, no olhar, virtualmente. Pois tô precisando mesmo viajar pra desencanar disso e quem sabe desencantar, de quebra.

sábado, outubro 19, 2013

Provas

Não beira o inaceitável que pessoas que têm vida, trabalham, estudam, se relacionam, têm uma dita vida social, se prestem a fazer da ridicularização das pessoas seu maior passatempo?
Eu não compactuo. Eu também sou aquelas pessoas que vocês ridicularizam. 


terça-feira, outubro 15, 2013

Convite

Ouvindo Motion Pictures, olhando pela janela, pensando no seu convite singelo. Sei que há um tanto de convenção social nisso, mas não pude deixar de notar seu cuidado na escolha das palavras. Você tem um futuro brilhante pela frente e isso me inspira. Minhas intuições sobre gente como você sempre dão certo: quando lembro e sinto vontade de procurar, descubro que coisas boas têm acontecido. Que bom que a gente topou por aí algum dia. 

domingo, setembro 29, 2013

Antes

Antes mesmo de começar a ler Os Sonhos de Bunker Hill meu coração estava pequenino, apertado, só com a apresentação do Caio Fernando Abreu, que prenunciava: as pessoas, de muitas maneiras estranhas, tortuosas, piradas, no fim das contas só querem amar e ser felizes. 

Olhando a cidade e as possibilidades, andando no sol até o pé doer para depois dormir um sono sem sonhos, pesado, que a chuva não acorda e o despertador não interrompe mas só a fome, me apaixono repetidamente pela cidade. Tudo está aqui ao mesmo tempo, eu quero morar no coração da cidade para consumir seus ecos, ruídos, suas fumaças, presenças, personagens anônimas dormindo na rua, nas praças, no viaduto 9 de julho, sob as árvores altas, embaixo do minhocão. Eu me acostumo com um mundo novo aos poucos, só aprendo devagar a entrar e sair dos prédios com sistemas próprios.
Só aprendo devagar a lidar com aquilo que tem funcionamento próprio:
seu egoísmo,
meu egoísmo,
nosso egoísmo,
as informações importantes que você oculta,
seu oportunismo.

Prefiro ficar com minhas coisas e comigo.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Blackbird

Sinceramente,
as pessoas não são muito sinceras e já tô de saco cheio. Quero nada demais, só não quero me surpreender negativamente. 
Dá pra ser simples e franco ao mesmo tempo, não dá? 
Palavras gentis não fazem mais sentido

You were only waiting for this moment to arise.

quinta-feira, setembro 19, 2013

Plástico

A sua beleza, eu bem sei, não é de verdade. A pele firme e preta e trincada de desenhos não é de verdade, não é para mim, porque quando te olho e você me olha de volta - ou ao menos assim parece - e eu baixo os olhos com um tanto de vergonha, eu sei que você não está ali, não está nem aí pra mim. É das belezas que não são de verdade, porque eu nunca terei, experimentarei, vivenciarei a sensação de ter esta beleza toda ao meu lado. 
Você é cheio de detalhes, de nuances fascinantes, tem gostos que eu admiro, mas eu sei, não é para mim. Eu jamais daria conta de estar alguém tão, hm, superlativo ou algo que o valha, jamais daria conta de estar alguém tão plural, tão onipresente, com tantos amigos, tão amado, tão disputado. Eu talvez estivesse numa boa com quem assim o fosse na mesma medida que eu sou (ou seja, bem menos, bem mais mediano), mas compreendo que talvez seja só armadilha da mente, porque nas oportunidades reais e presentes eu não me vejo no entusiasmo e continuo cozinhando em banho-maria, fogo morno, apesar de reconhecer que, sim, é legal, sim, tem características que em abstrato sempre me excitaram, mas que unidas e personificadas não me movem a grandes feitos.
E assim ficamos: eu intimidada quando tenho de devolver sua moedinha que caiu nos meus pés na fila do mercado, encontrando você em todos, todos os lugares que frequento, desde o cinema ao lugar de fazer esporte ao restaurante à festa e etc, mas sem grandes interesses por quem me procura.

quarta-feira, setembro 18, 2013

Felicidade

Felicidade é ter tempo.

quarta-feira, setembro 11, 2013

De novo, Frances Ha

Você pode ter tido más experiências neste âmbito em especial na sua vida, desde pequena. Acredite, não só você. Eu também. Todas nós, talvez. Mas sério mesmo que você acha uma boa pensar que as mulheres ao seu redor estão competindo com você, quando poderiam - caso se baixe a guarda - compartilhar de tanta coisa legal?
As pessoas estão empenhadas em encontrar o amor da vida, alguém pra preencher os domingos, as camas, pra dar segurança e estabilidade e filhos e blablabla mas não percebem a felicidade que as várias pessoas da nossa vida proporcionam. Em cada momento é possível ter amigos cujos olhos se procurem nos extremos de uma sala, não por possessividade ou tensão sexual, dizia Frances. É só porque é um gostar genuíno, que não exclui outros gostares e quereres. 
Toda vez que alguém diz que não acredita em amizade feminina eu sofro um pouquinho, porque em muitos casos, é só o que tenho a oferecer. Suas (minhas, nossas) más experiências nada têm a ver com o fato de terem sido mulheres a te/me/nos decepcionar - foram pessoas, em alguma medida influenciadas por criações e estereótipos de gênero que levam a crer que mulheres não teriam amizades sinceras e simples como os homens.
Sobretudo, além de sofrer um pouquinho, eu tenho muita pena. Acreditar nessa bobagem é perder uma força incrível. 

quinta-feira, setembro 05, 2013

Epifanias contínuas após assistir Frances Ha

Tudo pode dar certo no final - o apartamento, os planos, o trabalho, os amigos, desde que se assuma que há erros. Talvez seja caso de incorporá-los à vida. E não necessariamente tem que ter parzinho no final, encontrar o amor que sempre esteve ali, porque de repente isso de ser inacessível e inatingível rola mesmo. 
Uma hora se deposita sua confiança em quem não está preparado - não te quer mal, só quer os próprios planos. E a partir disso se vai pulando de história em história, de casa em casa, amigos em amigos. Nem sempre se é tão bom naquilo que se quer ser naquele momento, e a vida vai passando, as pessoas se arranjam, mesmo nos arranjos mais improváveis e por fim se é jogado num nada, trabalhando só pelo dinheiro, e tudo parece acabado e cansativo. 
Mas tudo pode se arranjar quando se aceita um convite, ainda não o exato, o desejado, e se constroi aos poucos a vida até chegar ao fatídico dia de ter um canto em que caibam os braços abertos e um abraço.

Saí do cinema um pouco emocionada e com a sensação de descoberta de que tudo vai dar certo. A moça desajeitada é facilmente identificável conosco - nós, os deslocados, os que confiam demais, que parecem mais velhos, os sem dinheiro para o aluguel, os não-bagunceiros e sim ocupados, altamente inacessíveis, sem grandes talentos mas com uma calma inabalável. 

segunda-feira, setembro 02, 2013

Terapêutico

Escreve pra passar a dor, pra exorcisar a recusa, pra entender o que aconteceu no ponto em que as coisas não aconteceram mais, ouvindo Losing my Religion e lembrando a festa. Ninguém quer ir embora, nem mesmo quando o dia surge, se acendem as luzes e as pessoas fazem confissões confusas curiosas interessantes relevantes importantes...e dolorosas. 
Talvez no fundo seja todo mundo assim, meio sozinho, meio bêbado, meio carente, meio desorientado, meio indeciso, meio determinado a resolver pendências na hora errada. Me doeu porque o mundo anda tão complicado e é tão difícil encontrar alguém disposto, que responda na medida à timidez, à iniciativa, à falta de pressa mediante frente à conversa que flui, que tenha semelhanças de origem, que compartilhe de ideais legais. Uma parte desejou que fosse feliz, mas a outra desesperadamente queria que escolhesse o outro caminho, embora, muito embora, isso não resolvesse nada depois do que foi dito. 
Pensando bem, depois do dito, essa parte queria mesmo era que desse errado pra poder dizer "bem-feito". 

segunda-feira, agosto 26, 2013

Mellow my mind

Me supero cada vez mais na capacidade de deixar tudo pra última hora.
Não sei se acho que vou dar conta ou se é só preguiça mesmo, se é a espera por uma iluminação que me tire do ato de procrastinar. A corrida, mais que a correria, me põe alerta, mas nem sempre dá pé - às vezes chove, às vezes tá escuro demais, claro demais. Mas quando dá, não tem arrependimento. 
Ainda assim, percebo que horas há em que estamos cansados demais dos contatos. Eu, por exemplo, passei um fim de semana inteiro disperso me questionando sobre a validade e utilidade do interesse por aquilo que se sabe distante e, sobretudo, incompatível. Intolerância e desrespeito são coisas muito sérias, inaceitáveis, mas nem sempre o desejo ouve a razão e aí me pego conjecturando. É preciso aprendizado e aceitação que nem sempre o pensamento segue nossos planos de vida.
Mas eu sei que passa, me dizem sempre isso, e percebo o quanto é verdade. Porque alguma hora tenho que agarrar o fio do trabalho, da leitura, do texto da comunicação pedindo para ser escrito, da relação da mitologia no romantismo e no idealismo pedindo pra ser explorada, o Goethe a ser lido. Isso é outro mundo, um refúgio, algo assim; realidade ideal que eu consigo moldar com minhas palavras, meu orgulho.

sábado, agosto 24, 2013

Old Neil

a little love and affection
In everything you do
Will make the world a better place
With or without you

sexta-feira, agosto 09, 2013

Pardon my heart

Hoje descobri pra valer o que é autocontrole. But I feels so wrong; I don't believe this song. 

Make me feel like a schoolboy on good time. 

sábado, julho 27, 2013

Seu retorno em grande estilo

Começamos a espontaneamente compartilhar hábitos semelhantes e inofensivos, como lugares e horários, fora a proximidade de escolha de um rumo pra vida. Só que por algum motivo não-explicado a gente não compartilha verbalmente, a gente só olha e parece que sabe pra onde o outro vai, pra seguir também. É divertido, no fim das contas, essa busca ao som do Nick Cave, assim bem melancólico mas visceral.

segunda-feira, julho 01, 2013

Manhattan-São Paulo

"Not everybody gets corrupted. You have to have a little faith in people".

Eu não gosto dos estados unidos em geral e confesso minha ignorância sobre sua história; do Texas quero só o blues de ZZ Top. Mas a coisa é que esta minha fase meio Woody Allen desperta um pouco de simpatia por alguns lugares de lá. Talvez porque relacionamentos, seja lá ou aqui, seja em 1979 ou 2013, continuem o mesmo imbróglio. 

Quando a Tracy diz que são só seis meses em Londres e pede pro Isaac ter um pouco de esperança nas pessoas, porque nem todas se corrompem, me senti revivendo uma situação - e ao mesmo tempo confirmando e negando a afirmação. 
Sim, nem todas as pessoas são corrompidas.
Mas algumas se corrompem pra valer.


Aliás, que é isto de corromper? Não me parece bom termo. Mudar de ideia sobre algo nem sempre é se perder, perverter, tomado pejorativamente. Pode ser só mudar o caminho.




sábado, junho 29, 2013

N

De Neil Young e Nick Cave.
Pode ser os dias frios, pode ser as músicas, pode ser a pressão, o resultado é o mesmo: um mundo assim, meio desinteressante, beleza grande mas distante. Nada atrai pra valer. 

sexta-feira, junho 21, 2013

A verdade

haverá isto, a verdade?
Pois o que eu vejo é confusão, o que eu sinto é algo localizado entre admiração, decepção e medo no breve espaço de três dias. O poder tem de ser pensado.

segunda-feira, junho 17, 2013

Que nossas semelhanças nos façam caminhar e observar

sexta-feira, junho 07, 2013

Um "não" deveria ter validade universal

Não encosta em mim, não confunde as coisas. Quando foi que dei a entender isso?
Nada pessoal, não me direciono só a você, mas a diversas situações adversas. Que coisa, não gosto de ficar desconfortável assim. Eu demoro uma vida a criar laços de amizade e companheirismo, porque sei que o resto é passageiro, transitório, ao modo de um desafio intelectual nas madrugadas pra ver quem leva, quem ganha - mas a parceria, essa é pra durar. 

Por outro lado, há certos "sins" que eu não gostaria de precisar reiterar sempre. 

sexta-feira, maio 17, 2013

O Coração no peito

O coração no peito é pra não esquecer:
a saudade;
as lembranças vivas, boas, importantes, algumas já não tão nítidas, mas construtivas.
As asas são para voar, não se prender, enquanto estivermos ou não na plenitude.

terça-feira, maio 07, 2013

As Bem-Amadas

Dia desses me senti a própria Chiara Mastroianni em As Bem-Amadas, aquele filme que fui ver sem dar muito ibope, mas que me surpreendeu. Há alguma coisa de muito errada nas minhas escolhas, como nas dela, que conduz a situações de desentendimento, insatisfação, constrangimento, frustração. Nem sempre o objetivo alcançado é suficiente.
Eu desisto e deixo a vida correr. Decido marcar mais uma vez o momento, que é pra não esquecer.

quinta-feira, maio 02, 2013

Tudo errado

sensação de fazer bobagem, de desistir antes da hora, de insistir quando é indevido, de estar deslocado no mundo, descolado da realidade. Alma de Santiago, que só quer ficar em casa com a música pois se dá mal no convívio com os outros. 
Eu fiquei perdida entre algum lugar do passado, realizando ideias daquela época, e meu espírito adiantando-se em relação ao tempo, tentando prever como seria, esbarrando pelas escadas com minhas dúvidas, apertando-lhes a mão enquanto falo ao telefone, minando aos poucos auto-estima. Neil Young despedaçando o restinho do meu coração.

terça-feira, abril 30, 2013

Writing to reach you

Voltando cinco casas no joguinho da racionalidade. Hora de voltar ao início, repensar se vale a pena a tentativa, a busca. Mas me assusta tudo aquilo que reaparece quando menos espero, só pra me lembrar, pra me instaurar a dúvida.

terça-feira, abril 02, 2013

Sensações e atos inexplicados

Eu tenho a sensação de que esta manhã não aconteceu, de que você não reapareceu; talvez tenha sido só uma produção da minha mente doente e cansada, fruto da falta de sono, da má alimentação, das doenças que corroem. Talvez eu estivesse falando sozinha quando fomos à papelaria, onde talvez eu tenha esperado um nada materializado perguntar por certo produto, talvez eu tenha ficado falando para o ar em frente à portaria da minha casa, sem coragem de te pedir pra subir, porque eu percebi: não quero.
Não, não logo agora. Você aparece no meu pior dia, o dia que estou mais descabelada, sem tempo pra mim, que dirá pra você. Não me atrapalhe na leitura do meu texto, na preparação do meu seminário. Não me faça olhar para mim e avaliar como estou em relação há um ano, se melhor, se pior. Indubitavelmente, estamos diferentes. Mas você parece bem. 
Só que eu sei, e repito para mim mesmo: você não me procurou. Nos encontramos por acaso. Isto contribuiu para a espontaneidade, mas não me tira a ideia de que talvez você não estivesse tão interessado em me ver. Nota: por algum motivo não explicado nem a mim mesmo, eu não quis que você anotasse meu telefone.   
Nossa história é cheia de "talvez"...

quinta-feira, março 28, 2013

Coragem coragem

Motivos e pretextos eu tenho, mas nenhum que me convença suficientemente a aparecer na assim, do nada, na sua casa em vez de ficar esperando as coincidências criarem novo encontro, apesar de ter sentido uma receptividade que transbordava no gesto tentando alcançar meu braço, num quase-abraço desajeitado enquanto eu falava ao telefone. Pra ser cara de pau, eu preciso de um pretexto que eu realmente compre.
Além do mais, tem o relatório, o seminário pra apresentar, eu viajo logo mais, eu trabalho amanhã. Me falta tempo, tanto quanto dinheiro. 
Mas talvez pense em você ultimamente mais do que esperava.

sábado, março 16, 2013

Você e a solidão

Você me diz que troca sua particularidade pela fuga da solidão, aliada ao pouco dinheiro. Sim, sabemos como é isto. E eu me vendo por um elogio qualquer, quebrando a cara, e te admiro por se engajar na responsabilidade de ensinar. 
Tirinhas me deixam nostálgica, cruzando didática com alemão e vertentes interpretativas e filosofia do direito. Problemas irremediáveis: relação entre estado e igreja - ora vejam, tanto hoje como há dois séculos ou mais. 
Estou cansada e confusa e tenho medo de faltar dinheiro para os planos. Só para isto preciso - de resto, o material aparece e perece, mas a formação é prioridade. 

terça-feira, março 05, 2013

Um não, em vão

Num dos acasos da vida te encontrei seguindo caminho contrário; não caminhava para saída, mas havia descoberto um esconderijo para guardar algo de valor enquanto se divertia. 
Foi quando não esperava e já não via mais possibilidade; dava tudo por perdido e construía teorias sobre o não-sabido e tudo mais. Contra todas expectativas, nos divertimos como antes.
Estou com um pouco de saudades e tento negar.

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Pequenos prazeres egoístas

quando alguém me conta algo e diz: não contei ainda a ninguém, mas estou te contando porque sei que você não vai me julgar.
Indicativo de que estou no caminho certo.

The Bridge


The bridge was falling down
And that took a lot of lies
And it made me lonely

Quando a ligação de certas relações se rompe, quando a ponte quebra, não há o que fazer. Não entendo a insistência, mas ao menos aprendo a não agir da mesma forma. 


Mas quem sabe outras pontes possam se construir...It may take a lot of time, mas cada música do uncle Neil vai se tornar trilha do percurso.


terça-feira, janeiro 22, 2013

O que dispara seu gatilho?

O meu, muitas vezes, é a ação do outro, que me assusta, põe alerta. É o pensar no movimento do outro que, como eu, não está parado na vida vendo a banda passar. Aí me desespero, mas quando fecho os olhos e lembro de outros olhos, de atitudes que não gostei, eu tiro o dedo do gatilho antes de disparar a frase. Abaixo a arma.
Isto não é um filme, então vou cuidar de minhas coisas. Respiro e escrevo. 
Fácil é disparar o gatilho. Difícil é conter a adrenalina da iminência do fazer brevemente abortado.

sábado, janeiro 19, 2013

A arte da Desaparição - e da Reaparição

A gente cruza olhares após o almoço, você me cumprimenta sem jeito, mas firme. Tudo bem, vai tudo bem comigo também. Eu lembro daquele dia e rio sozinha, lembro dos cachos dos seus cabelos e como eram adaptáveis às mãos. Você me soa algo difícil de descrever, mas que faz sorrir.
E quem reaparece só virtualmente também me faz lembrar muita coisa.
Percebo algumas mudanças quando noto que tenho lido literatura em língua inglesa, que tenho usado o cabelo preso e me importado menos com certas coisas.

domingo, janeiro 13, 2013

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Você mata a saudade, ou deixa que ela te mate?

Afastar-se, deixar passar, evitar contato com algo: definições para a palavra que eu buscava. 

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Quando a vida te dá mais, ou demais

Pede a pizza pequena e vem a grande, mesmo preço: é assim, quando a vida te dá mais. Te dá mais sol e cor no corpo, cansaço bom que fortalece cada pedacinho que passou por esforço nos últimos dias. Te dá oportunidade de pensar sem precisar parar. Te dá resultados depressa demais. Dá tempo de rever os amigos, conhecer grandiosos palácios onde o sublime traz lágrimas aos olhos e o simples enternece o coração. 
Tirei o cheiro de coisa estragada da casa, abri janelas e lavei lençóis, cobertores, toalhas, roupas que transportavam areia e pó. Lembrei do dourado e do sol, da paisagem olhada de cima, no maria-fumaça, ou quase sentida no interior de uma mina, no frio da senzala.  
Pretendo pegar um papel amanhã, comprovante de que realizei alguma coisa: atestado de um fim de um ciclo. Não percebo mais que horas são, o tempo escorria pelas ladeiras e decantou naquele solo, guardando lá um pouco de minhas preocupações.