quinta-feira, setembro 05, 2013

Epifanias contínuas após assistir Frances Ha

Tudo pode dar certo no final - o apartamento, os planos, o trabalho, os amigos, desde que se assuma que há erros. Talvez seja caso de incorporá-los à vida. E não necessariamente tem que ter parzinho no final, encontrar o amor que sempre esteve ali, porque de repente isso de ser inacessível e inatingível rola mesmo. 
Uma hora se deposita sua confiança em quem não está preparado - não te quer mal, só quer os próprios planos. E a partir disso se vai pulando de história em história, de casa em casa, amigos em amigos. Nem sempre se é tão bom naquilo que se quer ser naquele momento, e a vida vai passando, as pessoas se arranjam, mesmo nos arranjos mais improváveis e por fim se é jogado num nada, trabalhando só pelo dinheiro, e tudo parece acabado e cansativo. 
Mas tudo pode se arranjar quando se aceita um convite, ainda não o exato, o desejado, e se constroi aos poucos a vida até chegar ao fatídico dia de ter um canto em que caibam os braços abertos e um abraço.

Saí do cinema um pouco emocionada e com a sensação de descoberta de que tudo vai dar certo. A moça desajeitada é facilmente identificável conosco - nós, os deslocados, os que confiam demais, que parecem mais velhos, os sem dinheiro para o aluguel, os não-bagunceiros e sim ocupados, altamente inacessíveis, sem grandes talentos mas com uma calma inabalável.