sexta-feira, novembro 06, 2020

Retrato de uma nova vida

As árvores já estão quase nuas e cobriram as calçadas com o tapete de folhas amareladas. Na cozinha agora é possível ver distintamente o prédio ao lado; quando começamos a passar o café juntos de manhã, há seis meses, mal se podia divisar o que havia por detrás destas árvores. Nestes seis meses as folhas vicejaram e caíram, os dias se tornaram frios, escurece cada vez mais cedo, nas ruas circulam casacos fugidios e máscaras, 

mas em casa é refúgio. 

As seis semanas que se tornaram seis meses me emocionam, e todo dia de manhã, quando você me dá um beijo e eu toco de leve seu rosto, e todo dia ao tomar nosso café-preto acompanhado da banana-com-aveia, e todo dia ao ver sua figura, seu perfil, seu corpo e sentir uma certeza íntima que nunca acreditei existir de que vamos viver muitos planos, todo dia eu sinto uma ternura tão grande, tão aconchegante, tão pacificadora: o amor é doce, quietinho e quentinho.