domingo, abril 23, 2017

O que a maré não viu

Havia tempo
mas só para algumas coisas.

VOCÊ ACREDITA
Em sorte, em jogar na loteria?
Em superstições da ordem de signos, símbolos, sonhos?
Em intuição, inveja, azar?
Em verdades, certezas?
Em amor?
Em méritos próprios?
Em vida extraterrena,
extrassolar?
Em outras dimensões espaciais?

TESTAMENTO
Não sei escrever poesia nem ficção, malemá uns ensaios sobre temas restritos. Sei dar aulas de idioma estrangeiro, cozinhar doce e salgado, sei alguns romances, sei fazer reformas simples e costurar. Aprendo continuamente filosofia. Não tenho talento para plantas, flores; aprendi violão quando jovem, tenho curiosidade incessante por música, pouco tino para relações sociais, meia dúzia de amigos próximos e uma família-base. De dinheiro tenho o mínimo, e vontade enorme de uma coisa principal: adotar um gato. A crença que cultivo é ao mesmo tempo a mais ingênua e mais pretensiosa: no futuro.