quinta-feira, outubro 27, 2011

Começa assim:

páginas demais, programas demais abertos, aí não cabe sequer o bloco de notas. Escreve em qualquer lugar, rápido, pra não perder a sensação que é melhor Los Hermanos que Radiohead, que é melhor sentir que procurar sentido nas letras de canções, que é melhor descomplicar que buscar minúcias em suas atitudes cegas. Queria qualquer coisa assim diferente, comendo bolacha água e sal pela fome insaciável, horas a fio na frente do computador com suas mil páginas estrangeiras não-traduzidas sobre problemas a resolver o quanto antes, sem ter todos os meios para dar cabo dos meus fins. Você vai perdendo a graça. Escrevo mil emails dizendo: não vou dar conta, tá difícil, mas nada que uma noite de sono não resolva, pra amanhã não me lembrar de você a não ser nos momentos bonitos de flores e pássaros e sol. Com as janelas fechadas nada disto existe. Grandes coisas, duvido da validade objetiva destas imagens que construí. Nada a mais a fazer, senão me preocupar comigo mesmo.

quarta-feira, outubro 19, 2011

Ganhos secundários na espera,

presentes que vêm, passados que - agora sim - não retornam mais. Uma inspiração escorregadia, que fica pelas calçadas, as ideias como resultado e processo, mas que apontam para algo que já foi e é.

domingo, outubro 02, 2011

Como num musical de delta blues,

a gaita e a sensação de tempo infinito, o gosto do café forte, amargo, que mal deixa a água passar no filtro, que retém o cheiro na xícara e pela casa, misturado com outros aromas, causando mais sensações: de começo de dia às onze da noite. A tensão nos ombros aos poucos passa, e é verdade que vem chuva, e é verdade que a viagem dá a dimensão de onde se vive, daquilo que se vai deixar para trás, algo mesmo de lado. Ligações estranhas, externas, tarefas para cumprir. Uma pausa e compromissos, buscando uma vida de maior desprendimento.