sexta-feira, julho 27, 2012

Performances

Ian Curtis em Transmission. Metade da musica canta com os olhos fechados, mas de repente a voz cresce, os movimentos surgem, alguma coisa acontece no palco. 

Dance, dance, dance, dance, dance to the Radio.


Tenho presentes espalhados pela cama toda, talvez hoje nao precise mesmo usa-la, entre 15 horas seguidas de sono e noites sem dormir. Esta acabando. Parece que foi ontem mesmo que cheguei aqui e aprendi a andar pelas ruas, conheci seus nomes, os lugares com flores, os lugares onde se podia comprar cerveja barata, os lugares que havia sorvete, os pontos de onibus. O predio da Filosofia, onde eu imaginava o Hegel vagando, folheando os livros. Ha uma sala com o nome dele e do Kant. Muitas vezes me sentava nos bancos ali em frente, trazia meu cafe de casa, olhava a rua, a banda passar. 
Talvez devessemos nos embebedar no ultimo fim de semana, tirar mais fotos das paisagens, nao dormir pra aproveitar tudo e fazer os trabalhos. Sentir o calor incessante da cidade verde mas sem sombra...


Eu vou sentir saudades.

segunda-feira, julho 23, 2012

Riscos absurdos que a gente corre todos os dias:

o computador pegar vírus na última semana de entrega de trabalhos. Assinar um jornal pensando se tratar de um período de testes gratuito. Achar super legal o cara que na verdade é um babaca e que diz pra você se virar quando pede opinião sobre um problema grave. Sair sem guarda-chuva em dia de tempestade. Encontrar todas as pessoas super interessantes no dia em que você saiu de moletom a fim de gastar seu domingo inteiro na biblioteca. Ter que se despedir pra sempre de alguém no no ponto de ônibus, com pressa, ao lado de uma pessoa constrangida por estar no lugar e horas errados, quando se planejou uma despedida digna de filme. Deixar carta anônima pro endereço errado. Esquecer o horário da reunião com o síndico pra entregar as chaves do apartamento. Pagar passagem mais caro porque esqueceu de mostrar o bilhete de estudante. Ser barrada na porta da balada porque esqueceu a identificação - não, o cartão de estudante não vale. Ou ter que pagar mais porque o cartão de estudante está com a data errada.
Receber visita quando se está de pijama. Mandar mensagem acidentalmente durante uma situação tensa. Adicionar a pessoa errada. Conversar com a pessoa errada. Conhecer ao vivo a pessoa errada. Se envolver com a pessoa errada. Só descobrir que ela é a pessoa errada (em todos os sentidos) depois da pisada de bola. 

terça-feira, julho 17, 2012

Everybody's Gotta Learn Sometimes

Recebo cobranças do jornal que não assinei. Ligo e espero três minutos sem ser atendida, acabam meus créditos. Saio, tenho de ir ao banco sacar o dinheiro que está acabando pra dar conta do problema, do pagamento com o dinheiro que agora está acabando ainda mais. Encontro uma amiga, combinamos de fazer algo antes que eu parta - sim, já é fim de julho. Chego em casa e fico 12 minutos no telefone com dificuldades de soletrar meu nome ou o nome da minha rua, mas teoricamente resolvo o problema. Só devo escrever mais um email e esperar a confirmação automática deste. 
Aí é como acabo de ler num texto genial: a internet nos poupa do constrangimento de resolver as coisas numa ligação, mas cobra paciência de jó. Dez minutos mais tarde e nada de confirmação do email, que deveria chegar em um ou dois minutos. Escrevo mais duas vezes para o endereço. Escrevo de outra conta de email. Escrevo para o perfil do jornal no facebook e no twitter. Reconsidero ligar mais uma vez e esperar ao menos três minutos para ser atendida. Então chega o email: nenhuma resposta, só a confirmação do recebimento de meu email. Do email que escrevi ontem.
O computador esperou ligado enquanto fui pegar dinheiro e carregar o celular. Ao voltar, passei pela cozinha espiando se o vizinho estaria lá. O problema é que meus horários estão tão bagunçados que é impossível encontrar as pessoas num período razoável ou sem que eu esteja com olheiras e cara de zumbi. 


Revi o clipe do Beck umas centenas de vezes e lembrei da primeira indicação que me deram sobre o filme; na verdade, lembrei de quem me deu essa primeira indicação e me senti dentro do filme: descubro que não quero apagar estas memórias cheias de nostalgia, mas que me ensinaram mais sobre um pseudo-relacionamento que as paixões realizadas em uma noite após toda expectativa. E agora concordo com o Beck: alguma hora a gente aprende. 
Meu café novo dá o gás pra escrever os trabalhos, além do chá. Regime de dedicação exclusiva, vendo o sol nascer pelas frestas na janela enquanto leio. 
E agora começo a receber confirmação automática de todos os emails que escrevi. Eles diferem levemente porque em cada um consegui arrumar um errinho ou outro de alemão, mas querem dizer a mesma coisa. Aperfeiçoamento.
A inspiração pra escrever vem, simplesmente vem. Ela se compõe das cervejas e das frases incompletas trocadas na cozinha, do vento que bagunça meus cabelos, dos convites. 
Hora de fazer meu próprio tempo.

quinta-feira, julho 12, 2012

Uma época, eu ouvia Muddy Waters incessantemente,

mas agora, quando eu titubeio um pouco no Português, perdendo minha língua sem sequer saber de fato outra, ouço muita música brasileira sempre que bate a saudade; seus sons adquiriram outro significado. Só na paz interior e dos fatos é que consegui, como retrospectiva, perceber o tanto de mudanças dos últimos tempos. Mas devo confessar: eu fiquei inebriada foi com o vídeo da primeira vez que Neil Young tocou Heart of Gold; eu vi esse vídeo vezes seguidas e fechava os olhos e lembrava do modo de procurar a gaita nos bolsos. Tenho também procurado o essencial pra canção da minha vida em diversas formas de sustentar tudo isso ao mesmo tempo: o aqui, o lá, a desconfiança de que pessoas importantes se encontram duas vezes na vida... 
Mas se assim for, quantos personagens retornarão: talvez aquele que me decifrava veladamente, ao passo que acreditavam numa imagem tão ocasional, pondo a perder a descoberta de como eu realmente era. Eu me questiono hoje porque não deu certo, mas quem sabe eu encontre de novo por aí a figura daquele moleque meio revoltadinho com a vida, um pouco insatisfeito, com seu jeito vulgar, comum, que hoje eu percebo o quanto era legal e que me lembra o Robbie Williams nos vídeos ao vivo, sabe se lá porquê. 
A gente tinha até uma música e um lugar, me lembrei sem querer. 
Ou quem sabe algum dia retorne também o poeta louco e todo meu sortimento de "e se..." - continuo, porém, curiosa por saber sobre o que escreve uma pessoa que pega a inspiração ao andar sozinha pelas praças em dias de vento e neve. 
Ou quem sabe reencontre - num reencontro digno, não os banais encontros pelos corredores - uma espécie de reflexo, meu-eu-daqui-alguns-anos, evoluindo pra se tornar elegância, um pouco de mistério, inteligência e opiniões controversas.  
Acho que o tempo passa e faz mudar as prioridades, por isso deixei de desejar os (re)encontros para os quais me havia "programado", acreditando que aconteceriam como nos filmes em que a vida dos personagens se direcionava para o retorno no pós-guerra, para esse reencontro no qual desejo e interesse permaneceriam mesmo depois de tanto tempo, de tanta gente, de tanta experiência, de tanta mudança. Eu já tive o melhor. Agora é buscar o melhor depois desse melhor, e não o mesmo de antes.
Será mesmo que vale a pena rodar o mundo pra vir parar de novo na mesma instabilidade?