quinta-feira, agosto 12, 2010

a canção do dia confuso,

das presenças inesperadas, do mundo que se fecha e que se resume às pessoas tão importantes quanto difíceis de lidar, que exigem atitudes e decisões, evocam passados breves ou quase soterrados. Esta seria também a canção do dia em que, mais que presenças perturbadoras, a ausência perturbava ao indicar a iminência. Disto tudo começa a repetição num novo nível do ciclo, e outras presenças passam a figurar. Que fazer com tudo isto? Quisera eu guardar num armário bem fechado para de lá tirar só quando me conviesse, de acordo com o gosto do café ou o cheiro da lembrança, contato, com tato.
Mas não. As pessoas se movem, tomam rumos, às vezes até nos levam com elas. Pensando nisto é que deixei o livro aberto, o parágrafo lido pela metade, olhando ao redor sem horizonte fixo, apenas porque a atenção vagava. Não sei mais como os grandes homens conseguem resolver seus problemas, separando trabalho e afetos, aqui e lá. Eu misturo tudo e qualquer dia acabo extraindo do Hegel uma espécie de filosofia dos relacionamentos, pra fazer o chão do cemitério de Berlim tremer com tal "blasfêmia". E depois disto, vem a morte na fogueira.
Mas por maior que seja a confusão, a saudade, a revolta com as pequenas injustiças cotidianas alheias e ao mesmo tempo adjacentes, além de um pouquinho de descrença, ainda me fio à capacidade diária de nos surpreendermos. E até quando a surpresa falhar, quem é que disse que o cotidiano não pode ser extraordinário? Nada mais fantástico que pensar em perfeitas repetições.
[Depois de tudo isto, Nenê Altro me seguir no twitter é bobeira pouca]