segunda-feira, junho 20, 2011

pra machucar os corações.

Antes de começar, perguntei: você quer mesmo? escrever, codificar. Talvez faça bem, ou tanto faz. Podia ser qualquer coisa, um trecho de Pessoa sobre superação daquilo que não cabe mais na vida ou algo que o valha, ouvindo Simon and Garfunkel, qualquer coisa, hoje que não consegui terminar de escrever ainda sobre o Sartre. Preciso de concentração, mas no fundo não há o que resolver. Não há problema, é só o pensamento que não pára, não desliga, quando tudo se apresenta em silêncio.
Mágoa presente apaga a do passado. Foi uma sensação de maturidade a conversa no telefone pra resolver problemas sérios. Apenas faça a coisa certa, eu pensei; como se fosse com você, repetia pra mim mesmo. E a vida foi me emocionando, e a tristeza do domingo tomou conta - porque há acidente e a música daquele dia - mas a vida também me puxou de volta pro seu maior sentido: fluxo que não se capta, tudo passa e outras coisas vêm se que se perceba. Quem diria que viver iria dar nisso? Que um clique e a curiosidade nos levariam tão longe. Que a conversa tão desinteressada conduziria ao não-entendimento. Olha, usei esse "olha" pra introduzir assuntos que não sabia como abordar: pra admitir um retorno à condição de paz, pra reconhecer boas ações - nem vamos questionar se estavam ou não providas de carinho - e a possibilidade de um reencontro. Algo como esse "olha" pra falar que não estava bem, nada bem, e que não dava mais. Algo como esse "olha" pra tentar iniciar: mas talvez seja precipitação querer começar sem encerrar de fato um capítulo, sem dar tempo à vida pra entender o fim de uma etapa. Sempre haverá tempo pra retornar as ligações, e descobrir o que não se sabe bom ou mau.