domingo, fevereiro 08, 2015

Pergunte ao pó

I. Tirando a poeira da casa, refletia sobre a escrita. Mas eis que, do alto dos meus 25 anos, percebi que todas as vezes que se quiser enunciar O Mal, dever-se-ia simplesmente chamá-lo:
RINITE.
É um absurdo que seja possível desenvolver essas doenças tardiamente. Rinite sempre fora, para mim, uma alergia de crianças frágeis e tristonhas sem seus bichinhos de pelúcia para brincar. Ainda não aceito perder o sono por causa de uma crise de 20 espirros que mais parecem vir do útero.

II. Como seria possível fundar, engendrar um pensamento autônomo, uma espécie de ponto de partida da página 64? E todo o resto? Deveria ler primeiro para depois escrever, mesmo sob risco de formar um pensamento enviesado? 

III. Segundo pesquisas do Instituto Li Por Aí, alguns de meus personagens favoritos da literatura estão dentre os mais mal-humorados. Não sei se isso quer dizer alguma coisa, mas provavelmente que eu e o editor desse texto andamos lendo, recorrentemente, as mesmas poucas obras ao longo dos anos. Porque a literatura é algo tão vasto e não pode se reduzi-la às narrativas americanas e europeias, com um pouco de sorte sulamericanas. Que dizer do grande continente africano ignorado, de toda essa produção sobre a qual pouco sabemos? Quais são seus personagens, seus temas, seus estilos? 
Só aceitamos o Outro que é Eu Mesmo?