terça-feira, fevereiro 03, 2015

São Paulo

São Paulo, meu amor, minha cidade, fez 461 anos no meio da crise - ou como melhor definiria Eliane Brum, catástrofe - hídrica. São Paulo que, como ela diz, foi construída sobre seus superlativos, foi tornada passiva: 
- a cidade está sofrendo com a falta de água! 
A sentença não expõe os agentes, os sujeitos da crise: nós, população consumista, mas sobretudo da indústria e uma política vergonhosa.
Hoje eu lavei roupa com medo que não houvesse água para o banho - isso porque não fiquei sem água até hoje. Lavei roupa com medo que algum vizinho batesse à porta para me responsabilizar pela crise por meu consumo inconsciente. A falta de água nos transformou em vigilantes de nós mesmos. Os mecanismos de vigilância e controle se disseminaram pela sociedade, cada um observando seu círculo numa vigilância indiscreta e sem dono. Digno cenário foucaultiano.