sexta-feira, dezembro 09, 2011

L'etranger

no ponto de ônibus. Olha, torce o pescoço, se vira pra ver a menina, morena, camiseta com motivos étnicos. Nada demais. Mas ele se levanta, dá uma volta, pára ao lado. Cruza o olhar com o dela, já desconfortável. Mesmo assim ele ensaia, mexe de leve nos cabelos grossos, dreads sob o chapéu. E pergunta, enfim, por algo, por um lugar, por um ônibus para lá chegar. Ela indica, logo vem o ônibus: este dá, ela mostra. Ele hesita, atrás vem outro ônibus, ela dá sinal; rapidamente ele se posta ao lado e diz: eu vou neste também.

Entram e se sentam em poltronas separadas, ela mais à frente, onde não podia vê-lo, mas o olhou com familiaridade. Pouco depois o ônibus chega ao ponto pelo qual ele havia perguntado, mas ela não o vê descer. E a próxima parada é a dela. Vai chover, pensa, e se levanta. Ele está sentado no fundo do ônibus, o chapéu na poltrona ao lado, olhando pra fora, com fone de ouvidos.

Então eu desço do ônibus. É preciso. Ele lembrava demais alguém esquecido, que chama ao telefone logo depois. "Quanto tempo..."