sábado, fevereiro 15, 2014

Vivência

Morar num bloco, num prédio cheio de apartamentos, é não saber de onde vem o barulho. É aumentar o som no fone de ouvido pra diminuir esse ruído estranho que parece dizer que meu chuveiro vai explodir. A vida doméstica solitária me traz essas dúvidas e inseguranças, além de uma bolha no dedo, recente, de duas horas atrás, fruto da panela ainda quente. Pela terceira vez na semana.
Abro uma cerveja e seguro firme a lata, ajuda a esfriar a ardência do queimado.

Esqueço muitas coisas, mas há outras que permanecem aferradas na memória como o brilho no olho e as vozes. O sotaque, as expressões, o jeito meio mecânico de mover os braços. Até algumas roupas eu lembro, mas vendo fotos atuais, o cabelo mudou.
Você cresce a olhos vistos.
Quanto tempo já faz? Uns dois anos. Uma outra geração legal correu no meio destes eventos.

Sempre sinto vontade de escrever(-te), mas arranjo motivos para não fazer. Arranho justificativas.