domingo, junho 26, 2016

Cru

Varo a madrugada. Tem coisas que são mistério eterno mas a coragem é se aproximar, desdobrar página por página apesar da sensação de estar sempre cru mediante o conhecimento. É quase volátil, não assenta; é preciso domá-lo, acostumá-lo à minha língua, traduzi-lo em minha escrita. E me consome, me angustia, me excita, eu digo não vai dar e em seguida tenho um insight; eu acho que acabei mas o tempo se desmancha e me perturba. 
Nessas prioridades sinto meu corpo expandir. Cada vez que, pousada no chão, medito e inspiro, é como se o corpo cedesse menos ao comando de relaxamento pois que descubro mais corpo. De repente minhas sensações ultrapassam os limites e estou sentindo o pulsar, o estralar, o mexer de partes desconhecidas. Cresci nos últimos dias. Minhas funções estão selvagens, cheiro, fome, sono, tesão, palpitações, pressa m a s  o l h a r  l e t á r g i c o que passa pelo outro e encontra ali por trás a pergunta que me persegue desde que saí de casa:
que é a liberdade?
O tempo é outro. Acho que cabe nada aqui além disso. Desculpe o transtorno.