domingo, agosto 19, 2018

Régua ideológica

“A desqualificação do voto dos pobres e de tudo o que lhes diz respeito é sintoma de uma incapacidade crônica de empatia de uma parte de nossas elites, que também vota segundo seus interesses, mas que aprendeu a traduzi-los em princípios abstratos muito bonitos, como liberdade, empreendedorismo, empregabilidade.”
A afirmação é da socióloga Maria Eduarda da Mota Rocha e compõe o texto de Fabiana Moraes na Piauí, intitulado "Razão não depende de geografia. No imaginário nacional, o Nordeste segue como a terra que vota com o estômago". No centro das eleições, a ideia de racionalidade: de um lado, uma parte da população que se vê como elite esclarecida - mas que sequer compreende aquilo que é visto como pretenso oposto, a pobreza; de outro, a parcela da população afirmada irracional; ambas exercendo o direito de voto em concordância com seus valores e expectativas, mas apenas um dos lados tem sua escolha legitimada e vista como desinteressada.