sexta-feira, dezembro 07, 2012

Utilidade pública

Pessoas deveriam vir com certos avisos pregados, em letras garrafais, para economizar chatice. O meu seria, sem dúvida: não se atrase para encontrar comigo; nunca, em hipótese alguma, combine alguma coisa e não apareça, ou desmarque depois. A menos que queira que eu desenvolva a partir de então uma desconfiança crônica em relação a você, que me faça sempre pensar duas vezes: será que vai furar comigo de novo?
Porque caralhos me desconcentrar então? Eu estava feliz à tarde, estudando o Hegel, me apaixonando de novo pelo meu projeto, quando você me interrompe como quem quer nada. E não aparece. E eu não consigo me concentrar de novo, com o ouvido colado à porta. Eu tinha conseguido dar rumo à vida, seguindo o conselho em que eu realmente acredito, isto é, cuide de você e as coisas acontecem - ora, quando você faz algo produtivo, coisas realmente acontecem, mesmo que não sejam aquelas que você queria. Você está ativo. Mas a espera me transforma no passivo, ainda mais no momento em que não há o que fazer, a que recorrer. Toda vez que alguém atrasa ou não aparece, alguma coisa importante deixa de ser feita - aquela cerveja que eu ia tomar com outra pessoa mas não fui, porque fiquei te esperando...Desejo que essa cerveja pese na sua alma e que milhares de pessoas atrasem e não apareçam miilhares de vezes. E que eu esteja incluso nelas, pra tirar a desforra.