quinta-feira, abril 28, 2016

O retorno do livro

Cheguei em casa e o livro estava na portaria numa sacola plástica de supermercado, um pouco amassado, com páginas aparentemente aleatórias marcadas. Confesso que não guardei quais páginas eram nem li com muita atenção os poemas. Me pareceu um término, me pareceu uma tentativa de afastamento silencioso, contrariando o que você me dissera sobre estar tudo bem - e melhor que seja isso do que uma provocação, um pretexto, uma forma de querer mostrar que não se importa. Eu respeito a decisão e penso hoje em dia que faria o mesmo, porque vejo do outro lado; respeito a autopreservação, mas não aceito jogos. E nisso me fundamento: sempre disse a verdade, mesmo quando não parecia adequada. 

de repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua, que vai ficando no caminho.

Como é que pode isso - de repente olhar para o lado e ver alguém que não reconhece mais?