terça-feira, maio 03, 2016

Aprendizado de(o) ser livre

Penso que as relações devam ser particularizadas urgentemente. Se o seu interesse reside na disponibilidade, na escuta, na confirmação, no apoio que ofereço, mas não no que sou, já não me serve. Não sou "querida", não sou "flor do dia", não sou "linda", sou eu mesma e quero que as relações que construo sejam particulares. Nada impede que sejam múltiplas ou que se insiram na multiplicidade da vida de outras pessoas, mas o meu nome, o modo de tratamento, as conversas, as histórias que conto, as músicas que apresento, tudo isso deve ser particular. Do contrário cairemos num todo dissolvido em que tanto faz estar comigo ou com outra pessoa. E pra que nos relacionamos com outras pessoas, senão para experienciar o diferente, o algo mais? É um contrassenso tratá-las como iguais. Sei o quanto isso é difícil e o quanto eu mesma não consegui ainda equilibrar; por isso penso que estamos sempre a meio caminho, sempre indo, o destino é a caminhada. Por isso as pessoas passam e não ficam. Mas eu fico, por isso me preservo. 
As vezes já não sei mais identificar o que é de má-fé nas pessoas e o que são coincidências infelizes, o limite disso foi tão borrado que reajo às desculpas de modo instintivo, quase animal, mas me silencio para evitar o desgaste. Este é o ponto em que paro e penso, e por isso eu silencio. E nunca, nunca me fez tão bem esta apta a pensar; e nunca, nunca me foi tão cara a lucidez.