terça-feira, maio 17, 2016

O desejo é importante, porra

Estamos sempre a meio caminho de alguma coisa. 
Nas últimas semanas com problemas no trabalho, na paixão, no aluguel, eu aceitaria de bom grado o telefone da jamanta do Caio Fernando Abreu e de seu amigo super dark. Ontem no caminho pro trabalho a chuva me encharcou os ossos, os cabelos, lavou as lágrimas por dentro; hoje alcancei enfim uma pacificação no fato de que as coisas são como existem: ao menos da forma que me é dada, o "se" não passa de potência e os atos já foram postos. Não é possível converter uma ação em não-acontecida e a má-consciência do ato não se reconcilia no castigo, pois o castigo é a manutenção negativa da ação, a pena é a lembrança da lei infringida. Só o destino é a luta de igual para igual, seja com valentia, seja com passividade, na qual é possível verdadeira reconciliação. Relegando o "se" à possibilidade que agora é ultrapassada, posso aceitar minhas insuficiências e entender meus limites, sem tribunal externo. E eu institui para mim hoje que o desejo é importante, porra. Amanhã vou pensar diferente, as pessoas pensam diferente, mas hoje acho que o desejo é uma forma de consciência, é uma vibração, uma linguagem, uma manifestação de presença e de vontade de estar ali, fazendo o que quer que seja. Sentir desejo é importante: o mundo se nos dá a conhecer em cheiros, gostos, texturas. O café, o chocolate, a cerveja, o corpo, o conto, a canção, a caminhada. É importante sim sentir desejo.