quinta-feira, março 11, 2010

brand new start [ou simultaneidade e causalidade]

em tempo, pra tudo há tempo. Até pra voltar a ler o Kant, e sacar no coletivo um negócio interessante: a vida pra nós parece simultaneidade, a vida em seus fenômenos (dir-se-ia, aparições) dá a entender que tudo sempre acontece de uma vez. Mas não, o que há por trás do turbilhão é causa e efeito: se a cabeça pousada no travesseiro parece o signo de um momento só, pense-se que a covinha feita no travesseiro é efeito do pousar da cabeça.
No limite, quando as coisas se imiscuem umas nas outras, por trás da pura percepção da confusão há a causalidade dos fatos.
Brand new start. A bagunça de agora é organizada, Kant me diz. Interiormente vou ouvindo aquela musiquinha do comercial do sonho de valsa, Amarante. Sabe que esses dias me ensinam uma porção de coisas, dos modos duros que a vida põe. Sabe que nós vamos nos despedaçando entre essas lembranças - aponta pra fé e rema. O grande problema é que a dor me instiga a não ficar parada - essas coisas não são tão indiferentes quanto se pensa (e o que é pior, quanto se julga), mas é que ninguém quer perguntar o porquê dos porquês, das escolhas das atitudes. O Destino não se decide só na tomada de ações; é fruto da escolha livre da omissão. E falar de covardia, submissão, sem olhar nos olhos é remédio que só encobre a verdadeira doença; resta-nos ver de onde vem, de fato, a dor.