sábado, abril 03, 2010

Boomerang Blues

e de repente já faz um ano, e de repente as pessoas estão longe. Algumas voltam, outras se afastam definitivamente (ou nós as afastamos?), por outras morremos de saudade, e há outras que morrem sem ser de saudades. Mas isto não é uma "canção" sobre tristeza ou dor pós-trauma, porque sequer é uma canção; há de ser apenas um desabafo, que não é triste nem alegre, mas que se presta a todas as emoções que nos atingem. Uma morte e seu choque - tudo parece sempre tão longe, e sobre o passado é como se não houvesse movimento; a vida e seu choque também - como negar que tantas coisas acontecendo o tempo todo sem parar, nunca há pausa, não nos choquem também? De repente faz um ano, é um choque o quanto a gente muda nesse tempo e o quanto as pessoas mudam neste tempo e o quanto as coisas, as circunstâncias mudam nesse tempo. Isto não é uma canção triste, é apenas realista, e talvez não queira dizer nada sobre algo que efetivamente aconteça, mas sobre como ME acontecem as coisas; puro egoísmo.
Com começo e fim, é assim que são as coisas. Ainda bem, porém. O efeito das coisas sobre mim é sempre atrasado: toda dor e alegria e cansaço e paz vêm com umas horas (ou dias) de atraso e reflexão, às vezes irrefletida. Aqui as coisas se movem naturalmente, surgindo novidades das mesmices, e começo a sentir falta (falta, mas não saudades) daqueles outros horizontes. Lá e aqui, eternamente dividido. O bom de não estar integralmente em lugar algum é saber que a gente se espalha sem se dividir de fato, mas só a se multiplicar.