quarta-feira, setembro 15, 2010

Da pertinência da paciência.

É bom, também, ter que esperar, pensar com calma, analisar os fatos com mais frieza. Nada é tão impossível de suportar, nada que uns dias não resolvam; ou que contar até dez, até cem, até amanhã, ou até à próxima semana, não traga à luz umas verdades inconvenientes, incomodamente necessárias. Há jeitos e jeitos de resolver as coisas, e cada um busca aquilo de que precisa.

Esqueço, esforço-me por esquecer os pensamentos da hora da ave-maria. Penso Tyler Durden, e incrivelmente me acalmo. Ouço internamente Muddy Waters, e acalmo mais. Escrevo, paro, corro, como, café água e suco, leio [leio...leio...leio], escrevo mais, tomo decisões, perco tempo, desperdiço-o em pensamentos vãos. Mas sei do movimento que ocorre às costas, isto é, as coisas que não sabemos se e como foram, como ou se aconteceram, e que continuam a correr enquanto durmo, ou olho pela janela. E então disparo, mergulho em considerações, retorno aos livros, fujo de mim, ou fujo do mundo entrando em mim. As conversas têm sido produtivas no sentido de aclarar perspectivas futuras, ainda que desencantadoras...mas uma hora é preciso pensar no que se há de fazer.

O retorno foi importante, ainda que tenha me posto tão acuado, andando como que de cabeça baixa, olhar furtivo, não de quem deve algo, mas de quem posterga: decisões, encontros, compra de opiniões e ideias, tomada de posições. É preciso saber o que postergar, e acatar com paciência o tempo, aceitar a calma. Distraído, as pequenas-bobagens do mundo me surpreendem, os detalhes. As grandezas, por sua vez, me rodeiam e engolem. O que não tem remédio, remediado está, é o que se diz.