domingo, novembro 07, 2010

buscando um equilíbrio,

bastante forte pra sair das situações em que entrei, mas fraco o bastante por ter entrado, é mais ou menos assim que Caio Fernando Abreu diz. E comenta também que depois de tanto viajar sem parada, a gente se sente meio estrangeiro em todos os lugares - será que não há um Porto?
Meu porto hoje foram suas frases - cheias de mim mesmo, como é possível? E quando ele diz que "tenho dias lindos, mesmo quietinhos", foi de uma ternura tão grande ler isso, como se alguém me visse de dentro e codificasse algumas sensações.

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."

"Às vezes a gente vai-se fechando dentro da própria cabeça, e tudo começa a parecer muito mais difícil do que realmente é. Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas."

Sinto muitas coisas, com intensidades marcantes, nos mais altos tons, - "I’ve gotta tell you in my loudest tones". Expectativas, raivas, gostares, mas tudo isso meio que ficou pela metade, porque as expectativas se quebraram, as raivas estou tentando curar, os gostares se perderam quase, estão por um fio: 'tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação". Nada mais está inteiro, mas hoje quando acordei e andava pelas ruas calmas, era tão de manhã e nem café eu tinha, só tinha tido um sonho bem estranho que me indicou um caminho, uma saída, espero que não seja apenas uma fuga fácil, mas algo concreto. Me canso das superficialidades, odeio joguinhos de espera, de quem aguenta mais: quero resolver tudo o que for possível, se não a vida não caminha. Quanto é que custa ser sincero? Se dói, ao menos passa, e ponto.

Quero só um blues, melódico ou não. Willie Dixon, chocolate, café. E não consigo dizer mais nada.