sexta-feira, novembro 12, 2010

um nada branco,

calmo, meio vazio, bem quieto - ou com sons de domingo de manhã? Ou com sons que se ouve à noite, quando se desperta na madrugada de terça-feira, na hora em que os carros dormem e os homens sonham sonhos dos quais não se lembrarão...Hoje acordei e não tinha luz, lembrei que precisei fechar a janela pra dormir. Saí cedo, mastigando a maçã quase congelada, e no elevador as conversas triviais eram agradáveis, e no ônibus as pessoas eram simpáticas, e nas lojas os produtos eram bonitinhos, tudo tão meigo, tão friozinho, tão véspera-de-aniversário. Mas eu nunca gostei muito de aniversários, sempre são dias que me deixam encabulada - porque algumas pessoas lembram, porque algumas pessoas não lembram, sabe, mas não é pra ser assim, uma lembrança é coisa que vem espontaneamente. Mas isso tudo é bobagem, conclui enquanto queimava a língua no matemaltine. E olhei de leve pro céu meio nublado, pensei em tanta coisa, em tanta gente, acho que só um agradecimento interior é que exprime o que senti.
Sigo acreditando nas boas intenções, aprendendo a expressar sentimentos, cultivando aos poucos uns jardins que me fazem sorrir e me surpreender, até comigo mesmo. [Last Niiiiight, canta Strokes] Então é isso, penso? Simples assim, calma, paz, gostar - de quê? Tudo tem um objeto, mas às vezes o gostar tem como objeto tudo, porque é de dentro pra fora. Há algumas preferências, eu sei - uns gostos específicos, cheiro, tato, essas coisas. Sei não, acho tão difícil falar. Sabe, nem acho direito alguém que possa falar por mim - nem o Caio Fernando Abreu, nem as musiquinhas de sempre, porque é tudo tão distante...Enquanto a dor nas costas me mata, eu sei o quanto há a fazer, porque a vida não pára...mas quero uns instantes assim, em silêncio bonito, pra admirar e contemplar as pequenas coisas, pequenas frases, pequenos gestos, que me deixam sem palavras. esse é meu jeito de estar feliz.