sábado, março 12, 2016

A entrevista de Neil Gaiman; para um bom domingo

Da entrevista de Neil Gaiman para o Buzzfeed, traduzida e adaptada pelo Homo Literatus:
"...quando eu era criança, encontrar quem gostasse do que eu gostava e pensava como eu pensava e lia o que eu lia e poderiam ter me recomendado algo que eu pudesse ter amado era como entrar em um tubo mágico de sonhos [...] Por outro lado, também significa que essas pessoas estão apenas falando e ouvindo umas as outras [...] Para mim, o que é sempre importante para escritores é a alegria de encontrar outros pontos de vista e ver coisas por outros olhos. Para ter não apenas o direito, mas o poder de olhar algo e dizer 'isso que você está fazendo e dizendo é maravilhoso', ou 'isso que você está fazendo e dizendo está errado', ou 'isso que você está fazendo e dizendo é algo de seu tempo e você provavelmente não pensaria ou diria isso hoje'. O melhor dessa experiência é a sensação de “você não sou eu, e estou vendo e minha visão de mundo está mudando”. Em que mundo triste viveríamos, se as únicas pessoas cujas ficções eu pudesse ler, cujas poesias eu pudesse experimentar, cujas músicas eu pudesse cantar, fossem pessoas que pensassem e imaginassem exatamente como eu. Quero diversidade de pontos de vista em todas as formas, e isso incluí o interior de outras cabeças. É maravilhoso. Outras culturas, outros lugares. Temos que ir lá. Temos que experimentar isso".

Notar: a importância da diferença. A pertinência obstinada no mesmo, na repetição, como forma de reforço daquilo que se pensa e diz, acaba por ocultar o outro e sua voz e nos priva de um rico mundo esperando por ser encontrado.

Em outra editoria, mais leve, topo ainda com essa beleza do Alcides Vilaça para imaginar não só um bom domingo - eis como imagino a vida.:
"Venha em casa domingo. Algum macarrão sempre tem. Vinho também. Depois da sesta podemos dar uma espiada nuns poetas: procurando, acha-se alguma coisa que ajuda a viver, sobretudo entre aqueles que dizem não valer a pena. Ao anoitecer, faço um café bem forte pra tomar perto da janela e ficar contando umas histórias pra te distrair. Depois que nos despedirmos acompanho você com os olhos até virar a esquina. Entro e vou ouvir alguma coisa bonita, que soe bonito num domingo terminando. A vida pede que vivamos com calma seu jeito de ser mais simples".