domingo, março 20, 2016

Ação, fazer

Estive no ato ontem. É importante o posicionamento público, embora eu prefira prescindir da perniciosa figura do herói falando às multidões. Penso bastante no depois: o que tem sido feito além da ação performática? Li num artigo* dia desses sobre o quanto a esquerda adotou a ação performática - o ato, o protesto - como seu campo e retrocedeu nas ações cotidianas, na militância do dia a dia, na construção, no desenvolvimento. O funcionamento não deve ser só no espetáculo, é preciso reinventar a atuação em tempo, espaço e ação, estas unidades canônicas. Vamos às ruas, cabelo ao vento, gente jovem reunida, encontramos os nossos, os ânimos são reaquecidos, o medo de um golpe - que soava tão conspiratório - dá uma trégua. Mas particularmente falando voltei para casa sem a certeza de que fiz algo cuja duração seja maior que uma noite, que uma performance. 
O ganho, me parece, é a discussão. Política não deve ser algo acontecendo "lá", "lá fora", "lá em cima", pois é a parte da vida, é construção coletiva.

* http://lavrapalavra.com/2016/03/02/acao-performatica-a-politica-revolucionaria-entre-a-depressao-e-o-extase/