quinta-feira, novembro 06, 2014

Hipocrisia imperceptível ou disfarçada?

Já me deram a dica antes: por vezes o desapego material é muito fácil pra quem tem a possibilidade de ter. 
De repente todo mundo passou a cultuar o minimalismo material sem pensar que, pra muita gente, conquistas materiais são coisas importantes e representam, em certa medida, sonhos realizados. No registro particular posso achar supérfluas um milhão de coisas, mas devo reconhecer que muitas vezes para mim foi ao menos concebível tê-las. Um carro, um celular, uma roupa cara, todas essas coisas prescindíveis não são significativas na minha vida, mas podem representar muito na de outras pessoas, que trabalham muito para conquistá-las. Quem sou eu para julgar o seu esforço, seu trabalho, suas opções? Por mais que a ideia workaholic não me atraia, que diferença faz na minha vida que outras pessoas sejam assim? Por que suas atitudes devem me parecer então condenáveis?
Eu tenho o meu campo de consumo. Os livros não me deixam mentir, o guarda-roupa por vezes pensado para soar "desencanado" tem roupas que eu quis comprar. Eu escolhi empregar meu dinheiro nisso. É meu nível de consumo - qual o problema que cada pessoa tenha o seu?
Quem determina o limite? Eu? Elas? Você? O limite de quem?
Quão bom eu sou se limito meu consumo para, dois passos depois, bater no peito e falar com desprezo sobre as pessoas que decidem onde usar o dinheiro delas, fruto do trabalho e do tempo delas?
Você precisa de algo assim, uma fundamentação exterior para sua bondade? De uma religião, de uma crença, de um ideal, de uma vida posterior, de um motivo para ser bom, justo e correto?