sexta-feira, dezembro 17, 2010

arrumar as malas;

é como se diz: depois de tanto viajar, será que existe um porto?
Eu não sei. Não gosto de fazer as malas; dá um trabalho, sensação de que algo será esquecido. A velha sensação ruim ao saber que algo vai ser inevitavelmente deixado pra trás...tão difícil lidar com isso, ainda que todos sejam mais hora, menos hora, deixados pra trás. É que ninguém quer lidar com isso deste jeito, tão seco, tão cru - mas eu sou seco, tomo decisões abruptas...ao mesmo tempo que as histórias ternas me tornam triste e calmo e sentimental.

São Paulo fica tão bonita à noite, e mesmo quando chove. Dias há que tudo convém na hora exata, o terrível é que esta imprevisibilidade faz dos mesmos dias um ponto de retomada de lembranças. Aos poucos cada cena do filme, cada cena da rua, foram me deixando vulnerável, queria voltar pra casa, me refugiar com meus livros no pequeno apartamento e espantar qualquer possibilidade de cruzar com os velhos fantasmas que, algo me dizia, voltam a rondar. Indiretamente, warning sign; mas se há um mês e mais isso fazia sentido e preenchia expectativa, hoje me dá o impulso pra ir pra longe, onde não haja encontro, fora desta esfera na qual acho sinais o tempo todo.

Sabe, queria tanto um café, mas não tem água aqui hoje. Deveria eu dormir? Cheguei no limite do esgotamento mental e saí dele, mas estou prestes a retornar.
Pensando bem, estamos todos a buscar a excelência - tentando acertar o ponto exato. Há uma progressão nas tentativas, se isto consola....
E pensando mais ainda, esses tempos foram construtivos. Aprendi um bocado a me virar, segurando a barra mais sozinho. Caio F., venha a meu auxílio, porque o cansaço começa a impedir de pensar.